* Edson Rontani Júnior –
jornalista
Foi graças a um “pé de meia” que, em novembro de 1996, entrei pela
primeira vez na internet. Juntei centavo por centavo para pagar à Merconet pelo
acesso via linha discada pouco mais de um ano após a internet comercial ser
lançada no Brasil. Cabe lembrar que a internet era restrita à algumas áreas
governamentais e faculdades. Não era aberta a todos como atualmente.
Ainda hoje creio ser eu o único usuário com o domínio Merconet em toda
Piracicaba, o primeiro provedor local. Por isso, me sinto um tanto quanto
“jurássico”. Na época, a navegação era restrita à texto e poucas fotos.
Gráficos mais sofisticados ou vídeos demoravam uma eternidade para se formarem.
Downloads, então, nem pensar ! Uma música demorava cerca de 90 minutos para ser
baixada. Me lembro que, para navegar na internet, eu tinha que levar disquetes
para que fosse fornecida uma das primeiras versões do Netscape, navegador que
sobreviveu ao tempo, mas está entre os menos usados, perdendo em muito para o
Internet Explorer, Chrome ou o Firefox.
Mas ... para que servia a internet em 1996 ? Era um objeto de consumo
sem sentido. Seus amigos ainda nem sabiam ao certo o que era e-mail. Para
pesquisar algo, só sendo um expert. Creio que ainda servia para pouca coisa.
SPAM era uma palavra que pouco se ouvia falar. Vírus ... muito menos ... Servia
para troca de e-mails e principalmente para conversas on-line através de
programas como o mIRC, conhecidos por internet relay chat, ou sala de bate-papo.
Scaner para troca de fotos era caro. Máquina digital nem exisita. MP3 surgiu no
início da década de 2000, com proliferação através do extingo Napster.
Na época, nada de Google. Isso mesmo! Não havia pesquisa! Eu lia
revistas e jornais e recortava os anúncios para depois visitar a página da
Coca-Cola, da CNN ou de outas multinacionais. Isso porque o Brasil não tinha
designers para criar home-pages empresariais ou pessoais. Me lembro que havia
uma versão abrasileirada do Google chamada de Cadê, comprado anos depois pelo
Yahoo. Mesmo assim, surfar pela rede era pegar uma gigantesca onda sem saber em
qual praia você seria jogado. Era navegar sem bússola !
As visitas eram demoradas. As páginas no navegador demoravam para se
formarem. Isso, claro, depois das 21 horas, já que a tarifa era mais barata. O
pior é que a linha caía todo instante e quando você reconectava ... a linha
estava ocupada ! Você nem tinha formado a mensagem toda e precisava atualizar a
página. Era um terror fazer uma transação bancária na época.
Confesso que hoje não vejo graça em receber corrente, piadas, dicas de
segurança e toda tralha que vem pelos e-mails. De tão antigo que sou na net,
isso para mim soa como uma eterna e constante reprise. Até para piadas sou meio
seco : meus colegas pensando que vou rir de uma piada que para eles é nova,
tasco-lhes : “essa eu li pela primeira vez na década de 90!”. Recordações de um
fóssil cibernético.
2 comentários:
Boa, Edson! Após as 21h, sério? Lá em Minas só depois de 0h. Era um problema convencer meus pais a deixarem eu acessar, porque tinha aula depois. Lembro de todos os itens citados por vc, meu primeiro computador também adquiri em 12 suaves prestações aos 14 anos, via consórcio! Foi terrível pra pagar e ser sorteado!
Rodrigo Alves
www.dandonota.wordpress.com
Rodrigo
Bem lembrado. Me lembro de ter visto o sol nascer várias vezes e enfrentar o batente o dia seguinte ! Esses dias encontrei a nota fiscal de meu primeiro micro : um Infoway Itautec de 75 mhz : R$ 3.400,00 em 1996 !!! É mole ?!?!?
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