segunda-feira, 17 de outubro de 2022
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
Memórias de infância
Edson Rontani Júnior, jornalista
Nada
como ter sido criança nos anos 1970 e não esquecer a doce recordação que traz
Piracicaba daquela época. São várias as lembranças e a nostalgia floresce à
memória. Uma das lembranças, por exemplo, é a loja do seu Passarela, situada ao
lado do Cine Politeama, em plena praça José Bonifácio, próximo à esquina com a
rua Moraes Barros. Era o Willy Wonka piracicabano. E não apenas de chocolates,
mas com imensos baleiros em várias prateleiras, com todo tipo de guloseimas que
comprávamos antes de ver um filme na telona.
Foi
tradição nesta mesma década o passeio às lojas da rua Governador Pedro de
Toledo. As vitrines geravam concursos de decoração, comunicação assertiva e
atraíam as famílias nas tardes de sábado que as visitavam para conhecer as
novidades da moda ou dos eletrodomésticos. Havia até o segurança responsável
por baixar suas grades como também os desenhistas que faziam do vidro sua tela.
As lojas tinham um vão onde o consumidor circulava mesmo com as lojas fechadas.
Às 21 horas, cerravam-se estas portas. Antes de voltar para a casa, era
possível, nos tempos mais frios, comprar pinhão quente vendido numa das equinas
que minha memória recorda ser nas proximidades da rua Pudente de Moraes, em
frente ao Clube Cristóvão Colombo.
“O
‘seu’ Armintos recebeu novos brinquedos...”. Creio ter ouvido isso lá por volta
de 1975 ... 76 ... O dono da Casa Raya estava sempre à busca de novidades para
o dia das crianças e para o Natal. Sua loja, a Casa Raya, situava-se ao lado da
sede do Jornal de Piracicaba, na rua Moraes Barros. Lá por volta de 1974
tornou-se icônico o Papai Noel colocado em uma bicicleta ergométrica pedalando através
de um mecanismo inovador para a cidade. Muita gente ia fazer suas apostas de
loterias e levava os petizes para admirar o velho São Nicolau. Anos depois, o
“seu” Armintos construiu uma loja atrativa para os olhos das crianças e nem
tanto assim para os bolsos dos pais. Situava-se bem em frente a sede anterior,
na própria Moraes, onde encontra-se hoje o estacionamento do Santander. Ali foi
que ganhamos um rema-rema, brinquedo de locomoção que em muito ajudava o
desenvolvimento muscular e respiratório das crianças. Os mais antigos devem ter
à mente o que era este brinquedo enquanto os mais jovens poderão matar a
curiosidade através de um buscador de internet. Brinquedo simples, que
entretia, estimulava hábitos saudáveis e competições, mas totalmente sem as
exigências de segurança de hoje em dia (não possuía nem freio!).
A
infância era melhor ? Não posso afirmar. Eram outros tempos. Era um tempo em
que o Natal era esperado para se ganhar uma espingarda destinada às crianças e
que com uma leve pressão soltava uma rolha alocada em sua ponta e presa por um
barbante. Tempos em que não tínhamos shopping center nem celular. A distração
era a rua. E com segurança. Disputas de bolinha de gude ou andar de rolimã.
Andar de bicicleta era um dos atrativos, com bicicletas básicas, e, muitas
vezes sem marcha para facilitar o pedalar.
Em
1980, com a elaboração do calçadão na praça José Bonifácio, o poder público
passa a criar a ocupação daquela área que anteriormente servia para a
circulação e estacionamento de veículos. Foram criados os “Domingões” pela
COOTUR – Coordenadoria de Turismo. Aos domingos de manhã e tarde, monitores da
secretaria faziam atividades físicas, promoviam disputas de xadrez e outras
ações, hoje desenvolvidas em locais como a Estação da Paulista e Parque da Rua
do Porto. Outra opção me vem à memória eram as “sessões zigue-zague” do Cine Rivoli,
com meia dúzia de curtas do Tom & Jerry e outros personagens.
O
tempo mudou. A evolução trouxe a mutação natural da sociedade. Os dias são
outros. Nostalgia é algo de quem tem certa idade e vivência, mas nunca deixa de
ter um espírito infantil. Se você é assim ... feliz dia, criança !
(Publicado no Jornal de Piracicaba de 12/10/2022 e na Tribuna Piracicabana de 15/10/2022)
quarta-feira, 5 de outubro de 2022
A Foto e a História vira livro impresso
domingo, 2 de outubro de 2022
Efemérides
Edson Rontani Júnior, presidente do Instituto
Histórico e Geográfico de Piracicaba
Foram
muitas as idas, lá nos anos 1970, à Farmácia do Povo, à Agência de Revista Cury
e Agência Gianetti buscar os famosos almanaques anuais. As três empresas aliás,
ficavam próximas uma da outra, num raio máximo de 300 metros, perto ou na
própria praça José Bonifácio. Essas idas hoje vivem presas ao passado.
Mas
isso era motivo de uma incansável busca para matar a curiosidade ao estilo de
conhecimentos gerais, diferente do que temos hoje com o buscador Google que nos
traz tudo mastigado, sem esforço ou coloquemos a “massa cinzenta” para
trabalhar, motivando à época um raciocínio aprofundado que hoje é jogado à
berlinda.
Os
almanaques de farmácia traziam as fases da lua, a época cerca de pescar, o que
plantar em determinado mês, dias propícios para cortar cabelo e muitas
anedotas. Santa ingenuidade ! Algo que hoje não faria arrepiar nem os pelinhos
do braço de uma criança. Mas os mais vividos terão, com certeza, um ar de
nostalgia ao lembrar do cheio da tinta destes almanaques. Digamos assim, era
uma cultura inútil, mas gostosa de se cultivar.
Com
o passar do tempo, o chiclete passou a perder o sabor, o cheiro de pastel nos
enjoa, o saudosismo passa a ser uma folha do diário a cada amanhecer, as dores
começam a aparecer e as idas à farmácia são mais constantes. Deixo claro aqui
que estas idas são para comprar remédio, pois nem mais existem os almanaques
que aqui relato. Aliás, muita gente era envolvida em sua confecção. Desde
grandes pensadores como Sérgio Porto até Aurélio Buarque de Hollanda, entre
outros. “O Guia dos Curiosos”, de Marcelo Duarte, reviveu isso nos anos 1990.
Teve reedições e até site para aprimorar o antigo conhecimento analógico ao
mundo digital.
Muitas
destas curiosidades foram estampadas nas páginas deste JP de 1989 a 1997
e depois de 2002 a 2008 com a curiosa página “Você Sabia?” veiculada no
suplemento infantil “Jornalzinho”. Esta memória ainda hoje permanece viva para
muitas pessoas.
Piracicaba,
em seus 255 anos, também teve curiosos que registraram efemérides, fatos
ocorridos diariamente numa vida individual ou social. Curioso é ver como no
passado, nos relacionávamos e como fatos
chulos mereciam ser registrados.
Com
outubro chegando, consegui separar alguns desses fatos antigos registrados
neste mês e por alguém anotados num caderno. Vamos a eles.
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No dia 4 de outubro, em 1841, nasce Prudente José de Moraes Barros, depois
doutor e primeiro cidadão civil que ocupou a presidência da República.
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Em 1869, no dia 28, chega de Itú um trole (carroça) para Gabriel Eugenio de
Camargo. Segundo o "Almanak de Piracicaba para o Anno de 1900", nesta
época a notícia parece ser irônica, sendo que Piracicaba é que
"exportava", então, os troles para Itú.
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Dia 29 de outubro de 1873, infelizmente morreu o cavalo que a prazo de
casamento comprou o dr. Melchert para Bento Barreto.
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Dia 11 de outubro de 1876 surge "O Piracicabano", jornal de Joaquim
Moreira Coelho.
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27 de outubro de 1889 inaugura-se a linha telefônica para Rio das Pedras.
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Em 4 de outubro de 1894, parte para o Rio de Janeiro o dr. Prudente de Moraes
para assumir a presidência da República.
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Dia 27 de outubro de 1895, no jardim público (Praça José Bonifácio), houve um
tiroteio. Mas, felizmente erraram o alvo, segundo o "Almanak de Piracicaba
para o Anno de 1900". Nenhum detalhe a mais.
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Em 1898, dia 4, inaugura-se o trabalho de esgoto da cidade na Rua do Porto.
E
assim por diante. “Bora” escrever a história no dia de hoje ?!?