Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
Piracicaba
255 anos. A vila, criada à margem do rio Piracicaba, tinha, em um dos primeiros
censos demográficos, realizado há 230 anos, seus 250 habitantes. Hoje supera os
400 mil. Expandiu-se de norte a sul, de leste a oeste. A princípio “subiu
ladeira” para definir a área urbana conhecida por Centro, onde estão a Igreja
Matriz, a praça, e os poderes constituídos à época, como delegacia, prefeitura,
câmara de vereadores e delegacia. Áreas extensas daqui que se desmembraram como
Americana, Santa Bárbara D’oeste, São Carlos, Rio das Pedras e Saltinho, hoje
municípios.
Nestes
dois séculos e meio, muitos contribuíram para a formação de seus bairros e
distritos. Foram descendentes europeus, asiáticos e africanos, numa constante
evolução que vemos na contemporaneidade com as empresas que por aqui se
instalam trazendo novos hábitos à nossa realidade.
A
história foi contada em diversos livros, citando como exemplo as memórias de
Alcides Aldrovandi em “A Vila e seus vilões”, obra reeditada em 2009 pelo
Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba. Tais “vilões” não levam fama no
sentido da vilania e sim no ímpeto de criar uma Vila Rezende trabalhadora, com
as instalações da Metalúrgica M. Dedini, a Igreja Matriz Imaculada Conceição,
ou as indústrias Cavalinho Carmignani e Tatuzinho D’Abronzo Sociedade Anônima.
Além desse processo comercial, o livro também cita passagens curiosas de fatos
e pessoas que viviam à margem direita do rio Piracicaba.
Pedro
Caldari também foi responsável pela história da Vila Rezende na sua trilogia
“Memória da Vila Rezende”, obra sempre atual. Já “A síntese urbana”, da
professora Marly Therezinha Germano Perecin é um relato esmiuçado sobre nossa
tão querida “Noiva da Colina”, passando por fases de 1822 a 1930.
Eis
que em 2013, João Umberto Nassif lança dois volumes de “Paulistenses”, sobre
famílias que construíram o bairro Paulista, derivado da Estação Férrea Paulista,
cuja obra comercial delimitou o bairro a partir da avenida doutor Paulo de
Moraes. A partir daí, vieram o Jaraguá, a Paulicéia e tantos outros.
Os
bairros de Piracicaba também foram descritos por outros moradores, estudiosos e
escritores como Luiz Nascimento que publicou “Memória do Bairro Alto”, 2009,
detalhando como subtítulo: ruas, comércios, indústrias, escolas, tipos
populares, famílias, hábitos e tradições. Geraldo Ermo Fischer também
contribuiu para a história local em 2015 quando lançou “Jubileu áureo da
criação da paróquia de Santa Cruz e São Dimas”, citando famílias que habitaram
o bairro.
No
início de 2022, duas obras resgatam outros bairros: “Acervo do Monte Alegre –
excerto da massa documental dos engenhos de Piracicaba”, de Marilda Soares,
falando sobre o importante engenho que motivou o livro “Til” de José de
Alencar, publicado em 1872, homenageando o rio Piracicaba pelas suas curvas
como se fosse a acentuação conhecida por til. Edilson Rodrigues da Silva nos
brindou este mês com “Centenário da Estação da Paulista”, mostrando como o
transporte férreo foi importante para o desenvolvimento da cidade.
Os
próximos passos são resgatar a história de Artemis com o lançamento em maio do
livro “50 anos da Escola Professor José Martins de Toledo”, de William
Rodrigues da Silva, um relato com pesquisa e imagens sobre essa área rural e
seus tradicionais ícones como o porto João Alfredo, a ponte de ferro e a
Estação de Trem Sorocabana, além da escola que chega ao seu cinquentenário.
Ainda este ano, Antonio Carlos Angolini deve finalizar seu livro sobre os 100
anos do distrito de Tupi. É história que não acaba mais !
Todos
estes livros contribuem para a história de Piracicaba. Alguns estão esgotados
fisicamente, mas podem ser baixados gratuitamente em formato digital pelo site
do IHGP (ihgp.org.br).
Artigo publicado no Jornal de Piracicaba de 27/04/2022 e na Tribuna Piracicabana de 3/5/2022