Por Edson Rontani Júnior, jornalista
Alguns
irão se deter na inútil discussão: a década começa no ano zero ou ano um ?
Vamos seguir por princípio que a década de 20, do atual século, começou em
primeiro de janeiro passado e se estende até o dia 31 de dezembro de 2030. Mas,
este não é o propósito deste artigo. Seu objetivo é lembrar que estamos
entrando numa década de definições, principalmente diante da pandemia do
coronavírus que nos desacomodou e está definindo o que é o “novo normal”.
Neste
novo cenário, não podemos esquecer que Piracicaba terá muito a se movimentar ao
longo desta década.
Um
destes pontos é a comemoração dos 200 anos da independência do Brasil diante do
reino de Portugal, em 2022. Lembrado em 7 de setembro ainda é motivo de dúvidas
quando jornalistas vão às ruas realizar enquetes populares e torna-se evidente
a confusão entre Dom Pedro Primeiro e Deodoro da Fonseca e o real motivo de
comemoração da data.
Foi
em lembrança pelo centenário da independência que Lídia de Rezende construiu o
Marco em “oblação” a Dom Pedro, em terras do Engenho Central que depois cedeu
espaço para a avenida Armando Césare Dedini.
Em
1922, o centenário da Independência parou a cidade. O Brasil ainda respirava um
ar inebriante da República, instaurada 33 anos e já se deparava com paulistas e
mineiros na presidência, no que a história nos ensina como sendo a “política do
café com leite”. O poder público criou diversas solenidades para lembrar a data,
algumas das quais podem ser vistas na rede através de um filme rodado na época
e restaurado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba. Produção esta
feita pela Independencia Film para a Exposição Nacional do governo federal.
Foi
no fervor das comemorações que a Companhia Paulista de Estradas de Ferro
revolucionou uma nova área que surgia em Piracicaba, conhecida até então pela
Chácara Nazareth e pela Igreja dos Frades Capucinhos. Também em 2022
comemora-se o centenário da instalação da Estação de Trem da Paulista, que,
inclusive denominou o novo bairro que surgiu além da avenida doutor Paulo de
Moraes. A via férrea não existe mais. O espaço foi palco do Varejão da
Paulista, de circos que por ali se instalaram e também virou o Sambódromo da
cidade no final da década de 1990. Hoje é um parque de lazer e ocupa um centro
cultural exemplar. O terminal ferroviário era promessa do início do século,
prevendo que estivesse pronto em 1902. Funcionava como o término da Estrada de
Ferro da Paulista. Talvez por isso, por anos, Piracicaba foi considerada “fim
de linha”, motivado por que os trens e seus vagões encerravam sua viagem em
área ao lado de onde por anos encontrou-se a Metalúrgica Alvarco.
No
próximo ano, comemora-se o cinquentenário da Academia Piracicabana de Letras, criada
em 8 de março de 1972. O ideal de João Chiarini permanece ativo, buscando novos
leitores e escritores num período de domínio da escrita e propagação digitais.
Também
nos aproximamos do cinquentenário do Salão de Humor de Piracicaba, criado em
1974 e que, em 1976 tornou-se internacional, trazendo para nossa terrinha, pela
primeira vez, um artista internacional: Sergio Aragonés, hoje com 83 anos,
espanhol de nascimento, mas criado no México, de onde despachou nos anos 1960 e
1970 suas impagáveis piadas para as franquias da revista Mad publicada em todo
o planeta. A ideia que surgiu em O Diário para tirar a mordaça criada pela
livre expressão da imprensa, expôs Piracicaba ao longo dos últimos 50 anos de
uma forma exemplar.
Poderiam
ser enunciados aqui todas as datas festivas futuras desta década. Não existe
este propósito. O objetivo é chamar a atenção à sociedade em geral para algumas
datas consideradas como deveras importantes para nossa querida “Noiva da
Colina”. E que não caiam no esquecimento ...
Publicado no Jornal de Piracicaba em 13/01/2021 e na Tribuna Piracicabana em 16/01/2021.