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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

O marketing perpetuado por um tatuzinho (Caninha Tatuzinho)

 

sábado, 22 de janeiro de 2022

Piracicaba escrita

 Edson Rontani Júnior, jornalista, vice-presidente do IHGP e tesoureiro da Academia Piracicabana de Letras

 

Foram comuns os almanaques explorados comercialmente em Piracicaba ao longo dos últimos 150 anos. Era livros bem acabados que traziam as curiosidades corriqueiras daquilo que se conhece por almanaque: efemérides, censo populacional, fotos, locais turísticos, negócios e publicidades. Algo muito comum com os almanaques anuais de farmácia, os quais traziam datas para pesca, plantio e fases da lua. Algo sem muito interesse hoje.

Mas, estas publicações deixaram pegadas em Piracicaba. A história da cidade foi escrita por muitas estas obras. Os almanaques podem ter caído em desuso, mas seus verbetes estão sempre em voga nas mídias digitais. Não muito distante foram publicados livros que bebem nesta vertente como “O Guia dos Curiosos” (Marcelo Duarte), “A Casa de Mãe Joana” (Reinaldo Pimenta) ou o espetacular “Como Fazíamos Sem...” (Bárbara Soalheiro). Revistas de renomadas editoras também aproveitaram o nicho, como “Mundo Estranho”, “Galileu”, “Super Interessante” e “Aventuras na História”.

A história escrita de Piracicaba está impressa em almanaques lançados por Roberto Capri ou Mario de Sampaio Ferraz, que na década de 1910, publicaram catálogos curiosos os quais mostraram como nossa cidade vivia no século anterior, chegando a citar, como exemplo, o retorno do padre Galvão, em 3 de agosto de 1868, que havia partido para a capital paulista a fim de providenciar uma dentadura ... Futilidades ? Sei, não ... Conhecimentos gerais são primordiais em qualquer exame escolar como o ENEM ou vestibulares. São utilizados até em provas para concursos públicos.

Quem teve acesso a “Piracicaba e sua Escola Agricola”, de Mario Ferraz, impresso em 1916 pela Typographia Rothschild, fica maravilhado com as fotos impressas em couchê de uma Piracicaba hoje desconhecida, menos urbanizada, mais arborizada e mais curiosa. Nostalgia pura.

Outros exemplos recentes que ajudam a compreender nosso crescimento foi a coleção “Patrimônio Cultural de Piracicaba”, com volumes sobre escolas e igrejas, lançada em 2012, pelo IPPLAP (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba). Cecílio Elias Netto também deu – e muito ! – sua contribuição para propagar os conhecimentos históricos de Piracicaba em muitas de suas obras. Assim, como João Umberto Nassif dedicou uma incansável luta para falar sobre os moradores do bairro Paulista em seus dois volumes “Paulistenses”, lançados em 2013 pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

A mais recente publicação, embora lançada no final de 2020, mas que pode ser considerado como o melhor lançamento de 2021 foi “A Passagem da Cidade”, de Francisco Ferreira. O autor já havia nos brindado com “Noites de Pira – O Sonho da Boemia”, em 2005, mostrando a efervescência cultural e social da cidade nos anos 1960 e 1970, com grandes shows (Johnny Mathis, uma das principais estrelas da CBS, se apresentou no Clube Coronel Barbosa!), agregados por fotos às quais nos deliciam e nos tomam incansáveis minutos olhando cada detalhe delas.

Francisco Ferreira dedicou-se com muito afinco para uma obra que todo piracicabano merece ter. É uma obra primordial para os nostálgicos, para os que não conhecem e devem/querem conhecer nosso passado. Um livro que ficará marcado para o futuro. Repleto de fotos que mostram um passado desconhecido da maioria, na condição de não termos tido contato pessoal com o que em suas páginas são relatados. Uma história que se escreve de forma bem feita e que ficará registrado para a eternidade.