* Edson Rontani Júnior, em
especial para a Tribuna Piracicabana (dia 1° de agosto de 2013)
O jornalismo e a sociedade piracicabana mudaram nos últimos 39 anos.
Isso é inegável. As tendências passaram por evoluções e revoluções. O Brasil
vivia um período de incertezas, onde o governo militar impunha a censura aos veículos
de comunicação. Era o período do “milagre econômico” em que o país assistia à
transição dos governos Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, generais que
comandavam o cenário nacional. O jornalismo local ainda era restrito a poucas
publicações, motivados pelo alto custo em sua produção. A cidade possuía o
Jornal de Piracicaba e o Diário de Piracicaba. Tinha também a Rádio Difusora,
Rádio A Voz Agrícola de Piracicaba e Rádio Educadora, todas emissoras em A.M.
Foi então que surgiu a edição número 1, da Tribuna Piracicabana, distribuída
há exatos 39 anos, ao custo de 50 centavos do cruzeiro. Um jornal impresso em
formato próximo ao modelo standard, com oito páginas, preto e branco, nos quais
torna-se visível a presença de manchas de clichês e a ação profunda das prensas.
O jornal seria publicado diariamente, com exceção de segunda-feira.
À frente do matutino, estava o jornalista Evaldo Augusto Vicente que no
cotidiano destes quase 40 anos vem registrando a história de nossa “Noiva da
Colina” com amor, dedicação, investimento pessoal e muito trabalho.
Lembro-me de ter visitado a redação da Tribuna quando possuía apenas sete
anos de idade, acompanhado de meu pai, Edson Rontani, levando ao Evaldo um
clichê com uma das várias charges de sua autoria publicadas neste jornal. A Tribuna
situava-se em prédio que ainda hoje existe, embora remodelado, na rua
Voluntários de Piracicaba nº 610, esquina com a Alferes José Caetano. Evaldo
abriu a edição número 1 mostrando ao meu pai a nota sobre o falecimento de seu
sogro – e meu avô – o “tremendão” D’Abronzo. Na capa da primeira edição, uma
charge que mostrava a realidade de Piracicaba: um sujeito carrega um
travesseiro e uma marmita, tendo ao fundo a Catedral de Santo Antonio, dizendo
que preparava-se para pegar fila no INPS, situado a poucos metros da Igreja
Matriz.
A Tribuna Piracicabana pertencia à Empresa O Liberal. Evaldo Augusto
Vicente à frente a direção, João Chiarini e Geraldo Nunes na redação e Mário
Michelin na contabilidade.
A primeira edição trazia em sua capa notícia sobre a comemoração dos 207
anos de Piracicaba cujos eventos seriam coordenados pela Câmara de Vereadores
através do vereador Rubens Leite do Canto Braga, “presidente desse sodalício
público administrativo de Piracicaba”.
O tempo mudou. Em 1974, o 1º de agosto não era feriado, mas sim ponto
facultativo, instituído como “Dia de Piracicaba” pela lei nº 301 de 17 de julho
de 1952, sacramentado por ato baixado pelo prefeito de então, Adilson Benedito
Maluf, seguindo a Lei Orgânica do Município. Naquele dia, as repartições
públicas municipais não funcionaram. Hoje, 2013, a cidade comemora seus 246
anos como um dia útil. O feriado municipal foi transferido para 8 de dezembro,
dia de Imaculada Conceição, conforme lei 1.470 de 1967.
A primeira edição da Tribuna Piracicabana trazia diversas notas sobre a
cultura. Naquele 1º de agosto, a Casa de Artes Plásticas (antiga Pinacoteca
Municipal), abriria o XXII Salão de Belas Artes tendo entre os expositores, o
artista Egydio Adamoli. Poesias e crônicas de Evaldo Vicente, Thales Castanho
de Andrade, Francisco de Vasconcellos, J. Aparecido Casemiro, Geraldo Bragion e
Carlos Moraes Júnior.
Entre as despedidas, matérias sobre a morte do comendador Humberto
D’Abronzo (ex-presidente do XV de Novembro e diretor da Indústria Tatuzinho) e
despedida a Lélio Ferrari (presidente da Rede Brasileira de Supermercados e
fundador do café Ouro do Brasil e Café Haiti e presidente da ACIPI entre 1963 e
1965). Naquela ocasião ACIPI e CDL preparavam eleições para novas diretorias,
sendo as chapas concorrentes presididas, respectivamente, por José Macluf
(Artigos de Cimento Woltzmac) e Raul Siad (Casas Pernambucanas).
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