* Edson Rontani Júnior,
jornalista
Sou do tempo em que se passava
mais tempo ao lado do rádio do que passamos hoje em dia diante do computador.
Este tempo está longínquo do hoje. Foi na década de 1970 em que rádio e
televisão eram grandes concorrentes da informação e do entretenimento, diante
de meios tradicionais como o jornal e o cinema. É fácil para quem viveu esta
época lembrar-se de termos que caíram no esquecimento como Ondas Curtas ou Ondas
Tropicais. Eram amplitudes que apareciam no dial do rádio, embora já estivessem
com os dias contatos.
A OC (onda curta) servia por
longas décadas para a comunicação de longa distância. Era comum ouvir na
chácara de minha família, situada no bairro Itaperu, transmissões em português
provindas da BBC inglesa ou emissoras de língua hispânica. No Brasil, tínhamos
a “Rádio Relógio Nacional”. Não tocava música, não dava notícias, mas informava
a hora certa intermeada com conhecimentos gerais tipo “você sabia?”. Parece baboseira
para o dia de hoje, mas guiaram muitos radiouvintes que ainda se maravilhavam
com a TV preto e branco, grande concorrente da transmissão radiofônica.
Na época, tínhamos ícones nas
emissoras locais que passavam pela programação das rádios Difusora, Alvorada e
Educadora. Todas em A.M. (Amplitude Modulada). Ao final dos anos 70 surgem as
emissoras de F.M. (Frequência Modulada), com som estéreo, como a Andorinhas
(Campinas) e Difusora (Piracicaba). Nos anos 80, as FMs tornam-se celebridades.
Lançaram nomes, projetaram artistas e viram febre nos walkman Sony e nos tapes
Tojo.
Os anos 2000 vieram para enterrar
a audiência da AM, como ocorreu com as Ondas Curtas e as Ondas Tropicais. O
avanço tecnológico proporciona ouvir rádio no computador, copiar músicas em MP3
substituindo fitas cassete e long plays (LPs). Assim, a determinação da
presidente Dilma Rousself em garantir a migração das AM para FM nada mais é que
uma atualização necessária. Celulares pegam FM. O AM não é incorporado ao
aparelho, pois, segundo os fabricantes, consome muita energia.
A migração de ondas radiofônicas
faz parte da história do rádio. O som da emissora AM propaga-se para mais
longe. A FM tem uma qualidade melhor. Na década passada, emissoras como a Jovem
Pan passam a transmitir na FM parte de sua programação como jogos ou
noticiários. A migração – agora oficializada pelo governo federal – já vem de
anos. Muda-se o perfil do ouvinte ou este também migrará de frequência? Só o
tempo dirá...
(A Tribuna Piracicabana, 12 de dezembro de 2013)
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