* Edson Rontani Júnior, jornalista e membro do IHGP e
da Academia Piracicabana de Letras
Nem
bem outubro começou, já foram vistos ornamentos lembrando o Halloween, a festa
das bruxas dos norte-americanos. É o ponto de partida para que o mercado dos
Estados Unidos prepare-se para a comercialização de Natal, com o Black Friday.
Este, também já faz parte da vida dos brasileiros.
Nas
vitrines, bruxas, vampiros, o monstro de Frankenstein ... Pena que em agosto,
quando comemoramos o Dia do Folclore Brasileiro não percebemos situação
idêntica, com exposição daquilo que é “sui generis” do país, a mula sem cabeça,
o Curupira, iaras, sacis, cuca e outros personagens tupiniquins.
Desde
que Carmen Miranda, em 1938, cantou “Yes ! We have banana”, o Brasil passou a
ser globalizado pelos ianques do norte. Em seguida veio a Segunda Guerra
Mundial e Natal, no Rio Grande do Norte, foi aberta para as tropas de Roosevelt
que trouxeram ao país desejos de consumo pré-globalização como a goma de mascar
e a Coca-Cola, além de iniciar um processo de introdução da língua anglo-saxã a
nossa rotina.
Pena
que estejamos numa época em que se cultua o “Dia das Bruxas” como se fosse algo
genuinamente brasileiro assim com o Carnaval e as festas juninas. O folclore
brasileiro acabou legado ao esquecimento. A globalização foi mais forte.
É
uma situação triste pois nossos personagens folclóricos tiveram grandes
defensores. Um foi o piracicabano Thales Castanho de Andrade, emérito escritor
e professor considerado por muitos como o pai da literatura infantil. Jabutis
que falam, florestas que incitam ao homem a preservação do meio-ambiente...
Conjecturas que funcionaram além do tempo se levarmos em conta que suas obras
datam de 100 anos atrás.
Outro
representante do folclore foi Monteiro Lobato, exemplar empreendedor que buscou
petróleo em São Pedro e Charqueada, mas que criou uma gama de personagens
tipicamente brasileiros no seu Sítio do Pica-Pau Amarelo. Ainda hoje suas obras
mexem com o imaginário coletivo. Até Ziraldo levou Pererê para os quadrinhos
nos anos 1960 e 1970 perpetuando um viés interiorano e matuto.
Perdemos
nossa identidade ? O mundo globalizou-se de forma assustadora. Desde que
sustenido virou “jogo da velha” ou hastag, o sublinhado virou underline, o piracicabano
tornou-se chique e passou a pronunciar “fake news” para conceitos mentirosos
que até tempos atrás referia-se como “é tudo paia". Que bela rasteira
deram em nosso saci !
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