Edson Rontani Júnior, jornalista
Nada
como ter sido criança nos anos 1970 e não esquecer a doce recordação que traz
Piracicaba daquela época. São várias as lembranças e a nostalgia floresce à
memória. Uma das lembranças, por exemplo, é a loja do seu Passarela, situada ao
lado do Cine Politeama, em plena praça José Bonifácio, próximo à esquina com a
rua Moraes Barros. Era o Willy Wonka piracicabano. E não apenas de chocolates,
mas com imensos baleiros em várias prateleiras, com todo tipo de guloseimas que
comprávamos antes de ver um filme na telona.
Foi
tradição nesta mesma década o passeio às lojas da rua Governador Pedro de
Toledo. As vitrines geravam concursos de decoração, comunicação assertiva e
atraíam as famílias nas tardes de sábado que as visitavam para conhecer as
novidades da moda ou dos eletrodomésticos. Havia até o segurança responsável
por baixar suas grades como também os desenhistas que faziam do vidro sua tela.
As lojas tinham um vão onde o consumidor circulava mesmo com as lojas fechadas.
Às 21 horas, cerravam-se estas portas. Antes de voltar para a casa, era
possível, nos tempos mais frios, comprar pinhão quente vendido numa das equinas
que minha memória recorda ser nas proximidades da rua Pudente de Moraes, em
frente ao Clube Cristóvão Colombo.
“O
‘seu’ Armintos recebeu novos brinquedos...”. Creio ter ouvido isso lá por volta
de 1975 ... 76 ... O dono da Casa Raya estava sempre à busca de novidades para
o dia das crianças e para o Natal. Sua loja, a Casa Raya, situava-se ao lado da
sede do Jornal de Piracicaba, na rua Moraes Barros. Lá por volta de 1974
tornou-se icônico o Papai Noel colocado em uma bicicleta ergométrica pedalando através
de um mecanismo inovador para a cidade. Muita gente ia fazer suas apostas de
loterias e levava os petizes para admirar o velho São Nicolau. Anos depois, o
“seu” Armintos construiu uma loja atrativa para os olhos das crianças e nem
tanto assim para os bolsos dos pais. Situava-se bem em frente a sede anterior,
na própria Moraes, onde encontra-se hoje o estacionamento do Santander. Ali foi
que ganhamos um rema-rema, brinquedo de locomoção que em muito ajudava o
desenvolvimento muscular e respiratório das crianças. Os mais antigos devem ter
à mente o que era este brinquedo enquanto os mais jovens poderão matar a
curiosidade através de um buscador de internet. Brinquedo simples, que
entretia, estimulava hábitos saudáveis e competições, mas totalmente sem as
exigências de segurança de hoje em dia (não possuía nem freio!).
A
infância era melhor ? Não posso afirmar. Eram outros tempos. Era um tempo em
que o Natal era esperado para se ganhar uma espingarda destinada às crianças e
que com uma leve pressão soltava uma rolha alocada em sua ponta e presa por um
barbante. Tempos em que não tínhamos shopping center nem celular. A distração
era a rua. E com segurança. Disputas de bolinha de gude ou andar de rolimã.
Andar de bicicleta era um dos atrativos, com bicicletas básicas, e, muitas
vezes sem marcha para facilitar o pedalar.
Em
1980, com a elaboração do calçadão na praça José Bonifácio, o poder público
passa a criar a ocupação daquela área que anteriormente servia para a
circulação e estacionamento de veículos. Foram criados os “Domingões” pela
COOTUR – Coordenadoria de Turismo. Aos domingos de manhã e tarde, monitores da
secretaria faziam atividades físicas, promoviam disputas de xadrez e outras
ações, hoje desenvolvidas em locais como a Estação da Paulista e Parque da Rua
do Porto. Outra opção me vem à memória eram as “sessões zigue-zague” do Cine Rivoli,
com meia dúzia de curtas do Tom & Jerry e outros personagens.
O
tempo mudou. A evolução trouxe a mutação natural da sociedade. Os dias são
outros. Nostalgia é algo de quem tem certa idade e vivência, mas nunca deixa de
ter um espírito infantil. Se você é assim ... feliz dia, criança !
(Publicado no Jornal de Piracicaba de 12/10/2022 e na Tribuna Piracicabana de 15/10/2022)
Nenhum comentário:
Postar um comentário