Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do
Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
A
imprensa local sempre foi fonte de informação e credibilidade. Esta velha
imprensa está completando 225 anos. Pelo menos é o que se pode afirmar com base
em testemunho dos anos 1970 dado por Jair Toledo Veiga que, na ocasião, disse
ter encontrado jornais do início do século 1800. Eram rústicos, escritos a mão,
com poucas cópias e entregues aos letrados. Na redação, o depois senador
Vergueiro fazia críticas à sociedade que possuía menos de 2 mil habitantes.
Cravado
na história ficou o semanário “O Piracicabano”, cujas algumas edições podem ser
consultadas online na Biblioteca Nacional. O coronel Joaquim Moreira Coelho era
seu proprietário. Respirava ares da monarquia entre 1876 e 1885, mas tinha seu
viés crítico contra quem estivesse no poder. Coelho também imprimiu “Lavrador
Paulista” a partir de janeiro de 1888.
“O
Diário da Manhã” foi outro representante da imprensa noivacolinense, porém, com
vida curta, já que circulou de 1928 a 1930. São raras as edições existentes
ainda hoje deste veículo mantido por Ernani (Leite do Canto) Braga. Embora
formado em farmácia, exercia o jornalismo de forma legal, pois não havia na
época estudo acadêmico para isso. Deixou artigos e poesias publicados
principalmente no “Jornal de Piracicaba”.
Das
prensas locais, conterrâneos também se destacam nos jornais além rio Piracicaba
no auge do jornalismo (antes do rádio e da TV). Otacílio Silveira de Barros fez
parte de “O Estado de S. Paulo” atuando na época de Monteiro Lobato. Leonel Vaz
de Barros ou Léo Vaz também trabalhou neste jornal paulistano. Porém, lá por
1911, deixou suas pegadas em Piracicaba com o semanário “Noiva da Colina”. Foi
na cidade de São Paulo que participou da criação da “Folha da Noite” em 1921 e
do “Diário da Noite” em 1925. Na época, os jornais chegavam aos leitores no
período da manhã. Para atualizá-los mais rapidamente, em todo o país pipocaram
jornais a tarde ou a noite. Léo Vaz conheceu Monteiro Lobato e juntos atuaram
na “Revista do Brasil”, hoje um ícone da imprensa que reuniu os principais
pensadores brasileiros dos anos 1920. Vaz foi supervisor da revista de Lobato.
Bento
de Arruda, nascido em Piracicaba, partiu para São Paulo onde também se associou
a Monteiro Lobato. Foi na sua editora que ele publicou, em 1924, o livro “Por
campos e vales”. Era amantes de plantas e caças. Colaborou como a “Revista do
Brasil” e a revista “Chácaras e Quintais”, dois grandes sucessos entre os anos
1920 e 1950.
Um
importante jornal local esquecido pelo tempo foi “O Momento” que teve seu peso
na balança enquanto circularam o “Jornal de Piracicaba” e a “Gazeta de
Piracicaba”. Um de seus proprietários foi Moacyr Amaral dos Santos, de 1931 a
1936, que chegou a ser juiz do Supremo Tribunal Federal nos anos 1960. Neste
matutino também escrevia Haruni Al Rachid, pseudônimo utilizado por Elias
Barreto, jornalista e escritor que atuou no Jornal de Piracicaba e em Limeira.
A
imprensa local também foi trampolim para muitas carreiras políticas. Antonio de
Moraes Barros foi redator da “Gazeta de Piracicaba” na década de 1890. Formado
em direito, exerceu quatro legislaturas como deputado estadual além de deputado
federal. Era sobrinho de Prudente de Moraes.
Cada
exemplar, uma voz. Por isso surgiam vários títulos na cidade. Jornais, como
expressado anteriormente, sempre foram fonte de credibilidade da sociedade.
Neste pensamento, surgiu “O Popular”, que circulou de agosto de 1899 a
fevereiro de 1890. José Gomes Xavier de Assis era seu proprietário. Criou-o
quando estava na “Gazeta de Piracicaba”, auxiliado por Vitalino Ferraz do
Amaral em sua manutenção. “O Popular” tinha como proprietário o Barão de
Rezende e na sua tônica, pensamentos monarquistas.
Samuel Pfromm Neto nos ensina que o “Diário de Piracicaba” surgiu na cidade em janeiro de 1935 circulando até maio do ano seguinte. Estavam no comando Jacob Diehl Neto, Octaviano de Assis e Fernando Aloisi. Linotipos e prensas rodaram soltos na cidade. Afinal, são mais de dois séculos de história.
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