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quinta-feira, 22 de maio de 2025

Imprensa

Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba

A imprensa local sempre foi fonte de informação e credibilidade. Esta velha imprensa está completando 225 anos. Pelo menos é o que se pode afirmar com base em testemunho dos anos 1970 dado por Jair Toledo Veiga que, na ocasião, disse ter encontrado jornais do início do século 1800. Eram rústicos, escritos a mão, com poucas cópias e entregues aos letrados. Na redação, o depois senador Vergueiro fazia críticas à sociedade que possuía menos de 2 mil habitantes.

Cravado na história ficou o semanário “O Piracicabano”, cujas algumas edições podem ser consultadas online na Biblioteca Nacional. O coronel Joaquim Moreira Coelho era seu proprietário. Respirava ares da monarquia entre 1876 e 1885, mas tinha seu viés crítico contra quem estivesse no poder. Coelho também imprimiu “Lavrador Paulista” a partir de janeiro de 1888.

“O Diário da Manhã” foi outro representante da imprensa noivacolinense, porém, com vida curta, já que circulou de 1928 a 1930. São raras as edições existentes ainda hoje deste veículo mantido por Ernani (Leite do Canto) Braga. Embora formado em farmácia, exercia o jornalismo de forma legal, pois não havia na época estudo acadêmico para isso. Deixou artigos e poesias publicados principalmente no “Jornal de Piracicaba”.

Das prensas locais, conterrâneos também se destacam nos jornais além rio Piracicaba no auge do jornalismo (antes do rádio e da TV). Otacílio Silveira de Barros fez parte de “O Estado de S. Paulo” atuando na época de Monteiro Lobato. Leonel Vaz de Barros ou Léo Vaz também trabalhou neste jornal paulistano. Porém, lá por 1911, deixou suas pegadas em Piracicaba com o semanário “Noiva da Colina”. Foi na cidade de São Paulo que participou da criação da “Folha da Noite” em 1921 e do “Diário da Noite” em 1925. Na época, os jornais chegavam aos leitores no período da manhã. Para atualizá-los mais rapidamente, em todo o país pipocaram jornais a tarde ou a noite. Léo Vaz conheceu Monteiro Lobato e juntos atuaram na “Revista do Brasil”, hoje um ícone da imprensa que reuniu os principais pensadores brasileiros dos anos 1920. Vaz foi supervisor da revista de Lobato.

Bento de Arruda, nascido em Piracicaba, partiu para São Paulo onde também se associou a Monteiro Lobato. Foi na sua editora que ele publicou, em 1924, o livro “Por campos e vales”. Era amantes de plantas e caças. Colaborou como a “Revista do Brasil” e a revista “Chácaras e Quintais”, dois grandes sucessos entre os anos 1920 e 1950.

Um importante jornal local esquecido pelo tempo foi “O Momento” que teve seu peso na balança enquanto circularam o “Jornal de Piracicaba” e a “Gazeta de Piracicaba”. Um de seus proprietários foi Moacyr Amaral dos Santos, de 1931 a 1936, que chegou a ser juiz do Supremo Tribunal Federal nos anos 1960. Neste matutino também escrevia Haruni Al Rachid, pseudônimo utilizado por Elias Barreto, jornalista e escritor que atuou no Jornal de Piracicaba e em Limeira.

A imprensa local também foi trampolim para muitas carreiras políticas. Antonio de Moraes Barros foi redator da “Gazeta de Piracicaba” na década de 1890. Formado em direito, exerceu quatro legislaturas como deputado estadual além de deputado federal. Era sobrinho de Prudente de Moraes.

Cada exemplar, uma voz. Por isso surgiam vários títulos na cidade. Jornais, como expressado anteriormente, sempre foram fonte de credibilidade da sociedade. Neste pensamento, surgiu “O Popular”, que circulou de agosto de 1899 a fevereiro de 1890. José Gomes Xavier de Assis era seu proprietário. Criou-o quando estava na “Gazeta de Piracicaba”, auxiliado por Vitalino Ferraz do Amaral em sua manutenção. “O Popular” tinha como proprietário o Barão de Rezende e na sua tônica, pensamentos monarquistas.

Samuel Pfromm Neto nos ensina que o “Diário de Piracicaba” surgiu na cidade em janeiro de 1935 circulando até maio do ano seguinte. Estavam no comando Jacob Diehl Neto, Octaviano de Assis e Fernando Aloisi. Linotipos e prensas rodaram soltos na cidade. Afinal, são mais de dois séculos de história.  

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