Seria difícil imaginar que tudo caberia na
palma de nossa mão. A televisão, o aparelho de som, o cinema, o telefone, a
máquina de datilografar... Tudo isso unido no smartphone, ou o telefone celular
que há 20 anos foi implantado comercialmente no Brasil. Trouxe tantas
facilidades que se tornou objeto de desejo, de consumo, de ostentação assim
como foram nos anos 80 o relógio de pulso com calculadora, a lapiseira com
grafite e o toca-fitas de carro acoplado a um equalizador.
Quando se fala que o aparelho de som ou o
cinema cabe hoje na palma da mão, não é mentira. Até o início dos anos 80, o
filme em 16 mm ou o Super 8 eram a diversão das famílias que se reuniam na sala
da casa, apagavam as luzes e assistiam filmes no período pré vídeo-cassete.
Época em que o aparelho 3x1 ocupava um volume considerável na sala de estar ou
no quarto além de que eram necessários largos espaços para acondicionar os LPs.
O celular foi inventado por Martin Cooper,
engenheiro da Motorolla, em 1973. Demorou muito para se popularizar pois o ser
humano não descobria a tecnologia para torna-lo consumível, ou seja, barato
para cair nas graças do consumidor. Os primeiros aparelhos funcionavam ligados
aos veículos que por sua vez eram estações móveis que enviavam sinais para
algum ponto fixo. A tarifa era um absurdo.
Em meados dos anos 1990, a Telesp inicia seu
processo de expansão, criando células em todo o estado de São Paulo. O telefone
ainda era visto como concessão pública. Em Piracicaba, como em todo o estado de
São Paulo, eram feitas inscrições e sorteios dos números. Nada igual ao que
hoje temos numa situação em que você vai a uma loja e já sai falando no
aparelho. Me lembro que a fila de inscrição era quilométrica. Algumas vezes
eram feitas no Ginásio da Esalq para atender a demanda de interessados. O
sorteio era feito em locais grandiosos como o Clube Coronel Barbosa, a exemplo
do que ocorre hoje com o sorteio de casas populares por vezes realizados no
Estádio Barão da Serra Negra. Fazia-se a inscrição, torcia-se pelo sorteio e
depois rezava-se pela habilitação do serviço no aparelho. Aliás, aparelhos eram
os famosos “tijolões” da Motorolla que necessitava puxar a antena e abrir o
bocal. Era pesado e quem não levasse consigo uma bateria reserva poderia não ter
o aparelho funcionando.
O
ministro da comunicação Sérgio Motta, falecido em 1998, falava que “o
brasileiro, um dia, vai entrar num supermercado e sair falando em um celular”.
Deu no que deu. Hoje há uma oferta assustadora no mercado e uma busca
incessante por este aparelho antes confinado para conversas familiares,
recordações com os entes queridos e para ouvir tristezas ou alegrias. Servia
também para namorar, apenas para ouvir as vozes das pessoas e a rede social de
então era restrita aos bares, restaurantes, aniversários ou almoços de domingo.
O
telefone servia para prender as pessoas em casa, pois até os anos 70, muito
antes da criação do DDD (Discagem Direta a Distância) era preciso pedir à
telefonista que completasse a ligação. E isso não era imediato. Você tinha de
ficar o dia todo esperando a telefonista retornar para completar sua ligação e
aí sim conversar com aquele parente distante ou nem tão distante assim, mas que
poderia estar em São Paulo, por exemplo.
Hoje,
com tanta tecnologia, é possível pegar o celular e ligar instantaneamente para Donald
Trump, em Washington. Não é verdade? Se ele vai atender ... aí, já é outra
história ...
(Publicado no Jornal de Piracicaba, edição de 22 de fevereiro de 2017)
Comercial da Motorola anunciando o primeiro celular comercial - Dyna TAC
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