Páginas

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cemitérios piracicabanos



   Conta a história que os cemitérios pertenciam à Igreja Católica. Isso ocorria no Brasil desde sua fundação. Em Piracicaba não era diferente. Os primeiros enterros ocorreram próximo à matriz, conhecida como Igreja de Santo Antonio, em frente à praça José Bonifácio. Como detentora deste direito, muitas igrejas possuiam pequenos cemitérios dentro de sua edificação ou ao seu lado. 
   Eram costume vindos em especial da França. Com o avanço do tempo e a preocupação com a saúde, os cemitérios foram desecentralizados.
   Em 1860, um dos cemitérios mais conhecidos situava-se a cerca de quatro quadras da Matriz, precisamente onde hoje está a praça Tibiriçá, cruzamento da rua Alferes José Caetano com a rua Treze de Maio. É fácil recordar : ficava no quarteirão que abriga a Escola Estadual Moraes Barros. 
   Tempos depois, o cemitério foi transferido para um pouco mais longe da Matriz, precisamente onde hoje encontra-se o Colégio Dom Bosco/Assunção. Não é a toa que a rua se chama rua Boa Morte, ou nos registros cartoriais, rua da Boa Morte. Cada falecido que passava pela rua levava os votos dos vivos de "boa morte".
   Em 1872, instala-se o cemitério num dos pontos mais altos de Piracicaba, próximo à rua da Quitanda (hoje rua XV de Novembro). Quem inaugurou aquilo que conhecemos por Cemitério da Saudade foi o vigário local padre Joaquim Cypriano de Camargo. O local mais distante foi utilizado para evitar que as doenças transmissíveis pelos cadáveres se propagassem aos vivos.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Peg Pag

Anúncio do Supermercado Peg-Pag no qual destaca a caninha piracicabana Tatuzinho. Edição de 12 de fevereiro de 1967. O Peg Pag foi comprado depois pelo Grupo Pão de Açúcar, que na época era conhecido por Eletroradiobrás, depois Jumbo Eletro. Até os anos 50 as compras eram feitas tipo mercearia. O consumidor diante do balcão pedia ao balconista o produto , como hoje ocorre nas farmácias. Os Peg Pags tinham colocados seus produtos em gôndolas. O consumidor pegava os mesmos e pagava no caixa. Nos comodelos como conhecemos hoje. Foi até destaque em música de Raul Seixas.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Fim da Revolução de 1932 - 80 ANOS


Combatentes da cidade de Birigui posam, em meados de 1932, em frente à sede do MMDC da cidade. Assim como Birigui, Piracicaba também participou da Revolução de 1932, enviando tropas que somam mais de 600 voluntários. O conflito armado iniciou-se em 9 de julho, encerrando-se no dia 2 de outubro daquele ano. Para lembrar os 80 anos do fato, o Núcleo MMDC de Piracicaba realiza neste sábado, 27/10/12, solenidade alusiva à data, a ocorrer no Anfiteatro do Museu Prudente de Moraes, às 15 horas. O evento é aberto a todos. Participe ! (Edson Rontani Júnior)


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Janelas só devem abrir para fora acima de dois metros do chão


Lei curiosa assinada há 110 anos atrás, na cidade de Piracicaba

A Câmara Municipal de Piracicaba, através de seus vereadores, decreta que, através de parágrafo único entra, em vigor a lei na qual as venezianas ou persianas poderão abrir para fora, desde que estejam colocadas a dois metros e dez centímetros, pelo menos, acima do passeio, presas, porém, às paredes quando abertas. A infração da última parte deste parágrafo será punida com multa de 2$000.

Piracicaba, 7 de abril de 1902, data em que assinam a lei Paulo de Moraes, Aquilino Pacheco, Manoel Correia, Antonio Coelho, José Gabriel de Mattos, João Silveira Mello e Manoel Ferraz de Camargo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Rumo ao 40° Salão de Humor

* Edson Rontani Júnior, Erasmo Spadotto e William Hussar – presidente e vice-presidentes da Comissão Organizadora do 39°. Salão Internacional de Humor de Piracicaba

   Aberto dia 25 de agosto passado, o 39°. Salão Internacional de Humor de Piracicaba fechou suas portas no último domingo. Porém, a renovação do riso se estabelece a partir de agora uma vez que passamos a pensar em sua quadragésima edição que ocorrerá em 2013, sobre a presidência de Carlos Colonnese, um dos fundadores deste que é o mais longevo salão de humor do mundo e também um dos pioneiros no Brasil.
   A identidade local em sua organização foi mantida, nunca se esquecendo que esta é uma mostra globalizada, ou seja internacional, contando com inscrições provenientes de 64 países. Este foi, também, o Salão com maior número de obas expostas, totalizando 436 peças entre caricaturas, cartuns e tiras.
   Temos muito a agradecer as mais de 200 mil pessoas que visitaram as mostras principais expostas no Engenho Central e que também puderam ver as 26 paralelas oficiais levadas aos locais de grande circulação. Em Piracicaba, as paralelas foram levadas ao Poupatempo Estadual, o Terminal Rodoviário Intermunicipal, a Biblioteca Municipal, o Casarão de Turismo e outros pontos. O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, recebeu uma paralela a qual foi muito bem aceita pela Infraero.
   Esta edição foi a segunda em que os artistas puderam enviar seus trabalhos digitalizados por e-mail criando tremenda facilidade, pois, até 2010, tinham de ser encaminhadas na forma física. Houve também a preocupação em criar o regulamento não apenas em português e inglês, mas também em francês para o fácil entendimento de países do Oriente Médio e da África.
   O grande e eterno agradecimento a todos os envolvidos na 10ª. edição do Salãozinho de Humor, em especial aos professores, aos diretores de escolas e coordenações da Secretaria Municipal de Educação e Direção Regional de Ensino. O desenho artístico continua sendo uma excelente ferramenta de aprendizagem, de conhecimento lúdico e uma técnica que desponta novos talentos.
   Para esta edição, comemoramos dois novos prêmios, sendo o Prêmio Júri Popular Alceu Marozzi Righeto, com votação on line, e o Prêmio do Cartaz da 40ª. edição. Tivemos a terceira edição do prêmio temático que escolheu a Intolerância para expressar a repressão vivida na liberdade humana.
   Em nome da Comissão Organizadora, nossos sinceros agradecimentos à secretária da Ação Cultural, Rosangela Rizzolo Camolese, que marcou presença nas paralelas e mostras oficiais, demonstrando, além do profissionalismo, o verdadeiro amor pelo que faz. Também é importante destacar o papel e empenho de cada um dos componentes do CDEHU, coordenado por Eduardo Grosso, um artista de mão cheia.
   Cabe lembrar que este ano tivemos a participação de importantes personalidades no do processo seletivo, que avaliaram as mais de 3 mil inscrições. No processo de premiação algo que consolida o nome do Salão : foram convidados artistas que vieram da Alemanha, Itália e Ucrânia, cada qual esforçando um português, um inglês para que nós, piracicabanos, pudéssemos fazer do riso não uma Torre de Babel e sim uma linguagem universal de fácil entendimento. Que o Salão continue tendo longa vida !

sábado, 20 de outubro de 2012

Caçada no Mato Grosso



Sucuri – Resultado de uma noite de caçada no Mato Grosso, durante os anos de 1960. Na foto, Fernando Vecchini, da tradicional empresa “Chaveiro Expresso”, à margem de um rio do Estado segurando uma cobra sucuri com mais de cinco metros. O registro é curioso principalmente para os olhares mais incautos que nunca se depararam com um réptil deste tamanho, algo só visto no cinema, através do qual ela foi retratada como anaconda. A sucuri é a mais pesada de todas as cobras - alguns dizem que também é o mais longo -, existente na América do Sul, se igualando à python, encontrada na Ásia. A maioria das sucuris atinge aproximadamente 7,6 metros. Foto de acervo particular. (Edson Rontani Júnior)

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Chácara Nazareth



Nazareth – Foto tirada em 1915 mostrando a sala de jantar da Chácara Nazareth, situada bem no centro de Piracicaba. Pertencente a João Conceição, foi um dos cartões postais da cidade no início do século passado. Mário de Sampaio Ferraz, no livro “Piracicaba e sua Escola Agrícola” (1916, Typographia Brazil de Rothschild) escreveu que a Chácara era interessante tanto por sua topografia como por sua agricultura, chegando a considerá-la “uma das mais bonitas do Estado de São Paulo”. Na época, a Nazareth produzia café, milho, feijão e frutas diversas, principalmente a uva. No livro, ele relata uma vinícola experimental implantada por João Conceição, com garrafas produzidas para consumo da família, portanto desconhecidas do comércio. (Edson Rontani Jr. – erj@merconet.com.br)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Paço do Mercado Municipal



Os carros denunciam como se a foto tivesse sido tirada no final dos anos 30. Na época, era esse o paço do Mercado Municipal, hoje denominado Praça Dr. Alfredo Cardoso. Os veículos comerciais eram caminhões e os de passeio as charretes. A Igreja Metodista já aparecia imponente em pleno centro de Piracicaba. Interessante é ver que alguns prédios ainda mantêm suas formas originais. Uma época nostálgica, com menos stress, carros, sujeira ... enfim, uma Piracicabana de antigamente. (Edson Rontani Júnior)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A intolerância na ponta do lápis


* Edson Rontani Júnior – Presidente da comissão organizadora do 39° Salão Internacional de Humor de Piracicaba
   
   "Cartunistas são muito criativos. Eles dizem muito com tão pouco, sem humilhar as pessoas". As palavras, proferidas em maio passado por Kofi Annan, enviado pela ONU para intermediar a crise na Síria, mostra a importância do lápis de um ilustrador diante da intolerância humana. Ele estava em Genebra, na Suíça, e parou por 40 minutos diante do Lago Leman para acompanhar uma exposição “Cartunistas pela Paz”.
  Ao escolher “Intolerância” como o tema do seu prêmio especial, o 39° Salão Internacional de Humor de Piracicaba faz um retrospecto dessas suas quase quatro décadas de vida. Afinal, o Salão surgiu como manifesto à mordaça colocada na boca do brasileiro pelos Atos Institucionais. O primeiro cartaz do Salão, em 1974, de autoria do reconhecido Laerte, criava uma metáfora com os porões da Idade Média para expressar o momento vivido no país. Aliás, a piada tem por base conto de Hans Christian Andersen, que, já em 1837, colocava à vista os opressores e os oprimidos. Mesmo estando nu, todos deveriam concordar que ele estava vestido. Em 1979, quando o salão se internacionalizou, Glauco mostra um pássaro assustado ao ver sua gaiola aberta. Era o momento da abertura política, “ampla, geral e irrestrita”, como dizia o jargão. O traço do nanquim nunca esteve tão forte como naquela época.
   No século passado, importantes contribuições foram feitas para expor a intolerância nas artes. Em 1916, David Wark Griffith filma “Intolerância”, um marco do cinema mudo, no qual relata o preconceito religioso na Babilônia e na Judéia, assim como o preconceito racial nos Estados Unidos. O Modernismo de 1922 rompe com o tradicionalismo e usa a anarquia como forte apelo na literatura e na escultura. O teatro brasileiro lançou ícones das artes cênicas como forma de manifestação à repressão nos anos 60.
   O “Código Hayes”, nos Estados Unidos, pregava a boa moral com selos de credibilidade na capa de histórias em quadrinhos. Mesmo assim, casais legalmente constituídos, teriam de dormir em camas separadas. Pura intolerância ! No Brasil, editoras como a RGE e O Cruzeiro estampavam em suas revistas o famoso selo “Aprovado pelo Código de Ética”. Isso foi muito bem explorado pelo jornalista Gonçalo Júnior, em “A Guerra dos Gibis”, impecável produção com mais de 400 páginas.
   Rompe-se a mordaça nos anos 70. “O Pasquim” foi seu exemplo máximo, mesmo que a intolerante caneta vermelha dos censores fossem mais vorazes que as mentes de seus idealizadores, dentre eles Millor, Jaguar, Ziraldo, Paulo Francis, Ruy Castro e tantos outros.
   Entre 2005 e 2008, jornais dinamarqueses publicam charges que criam insatisfação entre os muçulmanos. Redações foram alvos de protesto inclusive com bombas, ferindo com a intolerância o direito de expressão.
   A intolerância faz parte de nosso dia a dia, seja na vida social, no ambiente de trabalho, no trânsito ... O 39°. Salão de Humor de Piracicaba tem algumas paralelas que expõem parte de seu acervo com este tema, perpetuado ao longo destas décadas. O prêmio especial “Intolerância” que podemos ver no Salão deste ano traz peças totalmente contemporâneas mostrando a realidade vivida entre 2011 e 2012, pois as obras foram enviadas durante o primeiro semestre deste ano. Servem para mostrar como os artistas vêm este esta situação atualmente. Com olhar crítico e uma intolerante ironia. Visite-as, ria muito e não seja tolerante com o mau humor.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O sesquicentenário de nascimento de Campos Salles



* por Edson Rontani

Há 150 anos, no dia 13 de fevereiro de 1841, nascia na chamada Villa de São Carlos, hoje cidade de Campinas, Manoel Ferraz de Campos Salles, de uma família de grandes fazendeiros de café. Estudou na faculdade de São Paulo, onde se diplomou em 1863, fazendo parte da turma, entre outros, Prudente de Morais, Bernardino de Campos e Francisco Quirino dos Santos.
Formado, Campos Sales passou a trabalhar como advogado em Rio Claro. Casou-se em 1865, com uma prima pelo lado paterno, Ana Gabriela de Campos Sales, estabelecendo-se então em Campinas. Em 1867 iniciou sua carreira politica como deputado na Câmara Provincial de São Paulo. Deputado a Câmara Imperial em 1885, foi nomeado ministro da Justiça do Governo Provisório, em 1889, quando promulgou vários decretos, e entre eles destacaram os que estabeleceram o seguinte: casamento civil, separação da Igreja do Estado, abolição de passaportes em tempo de paz , abolição da pena de galés, promulgação do novo Código Penal, melhoria das condições do trabalho agrícola, organização da justiça federal, reforma do código comercial etc.
Mais tarde ocupou Campos Sales a cadeira de senador, e, a 1º de maio de 1896, assume a presidência do Estado de São Paulo, sucedendo Bernardino de Campos. Entretanto seu nome foi indicado para Presidência da República em outubro de 1897, e nas eleições, realizadas a 1°. de março de 1898, saiu vencedor Campos Sales, tomando posse a 15 de novembro.
Antes de assumir a presidência, ele viajou para a Europa, a bordo do “Thames”, procurando negociar com credores do Brasil a suspensão do pagamento da dívida externa, e grande foram as dificuldades que se lhe depararam. Mas não desanimou. Manteve contato com reis, príncipes e ministros, homens da ciência e figuras das altas finanças internacionais, visitou fábricas e bancos.
Os compromissos que assumira foram integralmente cumpridos, graças às políticas de aumento das rendas públicas e de contenção das despesas, que lançaram as bases da prosperidade que reinaria durante os anos seguintes.
Afirmando sua decisão de governar acima de todas as divisões partidárias, Campos Sales estabeleceu a chamada “política dos governadores”, segundo a qual o governo federal reconhecia os deputados e senadores indicados pelos governadores dos estados, exigindo em troca o apoio desses representantes à política geral do governo.
Foi também durante o quadriênio de Campos Sales que se resolveu a secular questão do Amapá, que a França pretendia anexar a Guiana.
Deixando o governo, Campos Sales retirou-se da vida política voltando para o interior de São Paulo, recolhendo-se à sua Fazenda Banharão, tão pobre que lutava com dificuldades. Mas logo seus amigos o fizeram voltar à vida pública, e, em 1910, passa a ocupar uma cadeira de senador por São Paulo. No princípio de 1913, seu nome foi lembrado para candidatar-se mais uma vez a presidente da República. Morreu pouco depois, a 28 de junho de 1913.

Matéria originalmente publicada no “Jornal de Piracicaba” de 12 de dezembro de 1991.