O fim está próximo
*Edson Rontani Júnior – jornalista e pós graduado em jornalismo
contemporâneo
Tenho
muito orgulho em fazer parte de uma classe profissional cujo trabalho principal
– infelizmente – está no fim. Pelo que indicam as previsões, o jornal impresso,
como este que você segura em suas mãos, terá sua última edição lançada no ano
de 2042, daqui exatos 30 anos. Sim. Será a partir deste ano que deixaremos de
ouvir falar em jornal impresso, do entregador de jornal, de visitar bancas para
comprar a edição diária ou telefonar para a central do assinante reclamando que
seu exemplar não foi entregue.
Esse
amontoado de páginas, com ordenada sequência de matérias e fotos, conhecido por
jornal, tem esse tipo de apresentação há cerca de 360 anos. Dados históricos
indicam que o primeiro jornal impresso surgiu em 1650 Leipzig, Alemanha. Passou
por transformações no seu conteúdo, na forma de distribuição, cor de papel,
tipo de impressão etc.
No
Brasil, as tipografias começaram a lançar os jornais em 1808. Foi o ano em que
surgiram o Correio Brasiliense e a Gazeta do Rio de Janeiro.
Mas o
que leva a isso ? Desinteresse pela leitura ? Queda na venda das publicações ?
O mercado digital ? Estudos indicam que a escrita impressa é a forma mais
antiga e duradoura de comunicação pelo ser humano. Para isto, basta ver que a
história que conhecemos hoje foi escrita na parede dos homens da caverna, nas
pirâmides do Egito, na arqueologia dos povos da América pré-colombiana e nos
documentos religiosos. Estes, ainda hoje são consultados pelos estudiosos, e
alimentaram por vários séculos a curiosidade humana sobre o passado.
Redes
europeias lançaram jornais de leitura rápida, como o Metro international, distribuído
gratuitamente na Suécia e depois encampado pelo mercado editorial da França,
Inglaterra e até no Brasil. O The New York Times admite encerrar sua edição
impressa em 2015.
Nos
Estados Unidos, com o advento da internet comercial, mais de 2 mil jornais
foram fechados devido a comunicação digital.
O
Jornal do Brasil deixou de circular em sua edição impressa. Passou a ser
consultado apenas pela internet, pelo endereço www.jb.com.br, intitulando-se
como o “primeiro jornal 100 % digital do país”. O próprio matutino informava
que a decisão foi tomada aliando-se à inovação, respeito ao meio-ambiente (cada
tiragem diária consumia 72 árvores) e alinhamento com o futuro. Mas o jornal
teve uma queda sensível no faturamento com publicidades e no número de
leitores, que era de 230 mil exemplares/dia no final dos anos 60 para 22 mil em
2010. São dados que provocam medo, pois o JB foi fundado em 1891, numa época em
que comunicação era vendida a preço de ouro.
Bom
... Enquanto isso não se concretiza, aproveite o jornal que você segura e ... boa leitura !
(Matéria publicada na página 2 do Jornal A TRIBUNA PIRACICABANA de 19/02/2013)
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