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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O fim está próximo




O fim está próximo

*Edson Rontani Júnior – jornalista e pós graduado em jornalismo contemporâneo

   Tenho muito orgulho em fazer parte de uma classe profissional cujo trabalho principal – infelizmente – está no fim. Pelo que indicam as previsões, o jornal impresso, como este que você segura em suas mãos, terá sua última edição lançada no ano de 2042, daqui exatos 30 anos. Sim. Será a partir deste ano que deixaremos de ouvir falar em jornal impresso, do entregador de jornal, de visitar bancas para comprar a edição diária ou telefonar para a central do assinante reclamando que seu exemplar não foi entregue.
   Esse amontoado de páginas, com ordenada sequência de matérias e fotos, conhecido por jornal, tem esse tipo de apresentação há cerca de 360 anos. Dados históricos indicam que o primeiro jornal impresso surgiu em 1650 Leipzig, Alemanha. Passou por transformações no seu conteúdo, na forma de distribuição, cor de papel, tipo de impressão etc.
   No Brasil, as tipografias começaram a lançar os jornais em 1808. Foi o ano em que surgiram o Correio Brasiliense e a Gazeta do Rio de Janeiro.
   Mas o que leva a isso ? Desinteresse pela leitura ? Queda na venda das publicações ? O mercado digital ? Estudos indicam que a escrita impressa é a forma mais antiga e duradoura de comunicação pelo ser humano. Para isto, basta ver que a história que conhecemos hoje foi escrita na parede dos homens da caverna, nas pirâmides do Egito, na arqueologia dos povos da América pré-colombiana e nos documentos religiosos. Estes, ainda hoje são consultados pelos estudiosos, e alimentaram por vários séculos a curiosidade humana sobre o passado.
   Redes europeias lançaram jornais de leitura rápida, como o Metro international, distribuído gratuitamente na Suécia e depois encampado pelo mercado editorial da França, Inglaterra e até no Brasil. O The New York Times admite encerrar sua edição impressa em 2015.
   Nos Estados Unidos, com o advento da internet comercial, mais de 2 mil jornais foram fechados devido a comunicação digital.
   O Jornal do Brasil deixou de circular em sua edição impressa. Passou a ser consultado apenas pela internet, pelo endereço www.jb.com.br, intitulando-se como o “primeiro jornal 100 % digital do país”. O próprio matutino informava que a decisão foi tomada aliando-se à inovação, respeito ao meio-ambiente (cada tiragem diária consumia 72 árvores) e alinhamento com o futuro. Mas o jornal teve uma queda sensível no faturamento com publicidades e no número de leitores, que era de 230 mil exemplares/dia no final dos anos 60 para 22 mil em 2010. São dados que provocam medo, pois o JB foi fundado em 1891, numa época em que comunicação era vendida a preço de ouro.
   Bom ... Enquanto isso não se concretiza, aproveite o jornal que você segura e  ... boa leitura !

(Matéria publicada na página 2 do Jornal A TRIBUNA PIRACICABANA de 19/02/2013)

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