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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Lobão e seus caninos



* Edson Rontani Júnior, jornalista

            “Tratar um cão com gotinhas ? Ele, em pé, fica quase do meu tamanho, alcançando seus 1,60 de altura ... Funciona mesmo?!?”. Fiz esta pergunta, incrédulo, em 1997, ao doutor Lobão, médico veterinário que então cuidara do cão de nossa família, de nome Pancho. Na ocasião, o dr. Lobão, que aplicava a homeopatia aos animais, me indicou as “gotinhas” para tirá-lo de um estado de depressão. Isso mesmo, Pancho vinha num quadro constante e crescente de não mais querer viver. Foi com muita tristeza que vi, pelo jornal, o convite de missa pelo primeiro ano de falecimento de Antonio de Oliveira Lobão. O dr. Lobão nos deixou no dia 11 de outubro de 2011.
            A homeopatia eu conhecia desde 1995 através do dr. Ademar Spallini Júnior, à quem recorri buscando uma estabilidade física em harmonia com paz mental. Fiquei adepto à homeopatia por vários anos. Foi uma forma de fugir dos remédios industrializados, agressivos à minha saúde. Meu segundo contato com a homeopatia foi levar meu boxer alemão para o dr. Lobão que me ensinou muito sobre esta prática milenar.
            Pancho nasceu como todo animal, pequeno, gordinho e cheio de vida. Foi criado desde pequeno ao lado de uma fox paulistinha de nome Xuxa, a qual, de pé ultrapassava um pouco mais que uma régua de 30 centímetros. Como um boxer alemão, ele não tinha noção de seu tamanho e sempre respeitava a pequena Xuxa, por ter sido ela sua constante companheira. Esta teve metástase por toda a cadeia mamária necessitando ser sacrificada. Foi um ano difícil, de uma perda muito profunda em casa. Animais, plantas e o ambiente sentem quando a dor é tamanha.
            Com a ausência de Xuxa, o grandalhão Pancho foi se entregando à vida. Não pregava o olho de noite, vivia sempre ao lado de algum ser humano. Era o temor pela perda de alguém que esteve sempre ao seu lado. A insegurança que acomete qualquer animal ... Passou a não gostar de ficar trancado e chegava a arranhar e morder os batentes das portas, cujas marcas ainda permaneciam até meses atrás em nossa residência.
            Até que um dia coloco Pancho no porta-malas de um Gol da família e bato à porta do dr. Lobão. Sempre simpático e com uma explicação concisa, ele me atendeu por várias sessões. Gotinhas daqui, análises dali, meu grande amigão foi se recuperando.
            Dizem que o cão é o melhor amigo do homem. Fiel. Conheci muito com ele. Com o dr. Lobão conheci muito sobre os mistérios da vida. Senti imensamente quando soube de sua perda.
            Pena que Pancho se foi muito tempo antes. Prometemos não mais ter cães. Mas estes pets estão muito integrados à nossa vida. Hoje, Tara e Preta convivem em nosso cotidiano, com 14 anos de harmonia entre o fiel amigo e o homem.

Artigo publicado em "A Tribuna Piracicabana" de 30 de abril de 2013

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