Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
Dezembro
em Piracicaba foi muito além da fraternidade natalina. É um mês com muitas
histórias. Foi neste mês que José de Alencar, político influente, escreveu seu
terceiro romance com nuances regionalistas, compartilhando com o leitor a
influência do homem interiorano. De 19 de dezembro de 1871 a 16 de janeiro de
1872, são publicados capítulos de sua nova obra no folhetim fluminense
“República”. Anos depois viraria livro, hoje obrigatório para quem procura
conhecer a literatura brasileira. Pois, bem. O que tem isso a ver com
Piracicaba? Ora, bolas ! “Til” teve passagens escritas em Piracicaba, durante
sua estada no Engenho do Monte Alegre. Depoimentos pessoais demonstram que
alguns capítulos foram escritos no lombo do animal equestre que o trouxe para
cá. O título do livro, dizem, é uma homenagem ao rio Piracicaba pelas suas
curvas similares ao acento utilizado na língua portuguesa. Alencar passou dias
na confluência dos rios Atibaia e Jaguari e nas margens do rio Piracicaba. Foi
num dezembro que ele concluiu os capítulos desta obra-prima da literatura.
Os
tradicionais almanaques locais também trazem efemérides curiosas, como:
Dia
15 de dezembro de 1866 - plantam-se os primeiros coqueiros no largo do Rosário,
hoje Igreja São Benedito. Este tipo de atividade era incomum. Motivava festa
com presença de banca musical.
Dia
10 do ano de 1871 sepulta-se o alferes do império (equivalente a tenente do
Exército) José Caetano Rosa, o benemérito arruador de Piracicaba. Também foi
vereador. Deixou nome em rua que cruza o Centro da cidade, começando na
paulista e terminando na curva do S, onde está o ribeirão do Itapeva.
Dia
17 de 1882, surra-se um jornalista. É a única informação que nos traz o
"Almanak de Piracicaba para o Anno de 1900". Sem comentários.
Em
30 de dezembro de 1897 inaugura-se o Hospício de Alienados, anexo à Santa Casa
de Piracicaba, cuja construção foi bancada pelo Barão da Serra Negra. À época,
alienados eram aqueles que a sociedade excluía e, nesta instituição, receberiam
abrigo e atenção à saúde.
A
Igreja dos Frades teve sua pedra fundamental lançada em 1º de janeiro de 1893.
Porém, sua edificação foi inaugurada em 10 de dezembro de 1895, ainda com sua
estrutura incompleta.
Isso
faz lembrar de Frei Paulo de Sorocaba que, em 10 de dezembro de 1928, integrou
o corpo docente que instalou o Seminário Seráfico São Fidelis.
Dezembro
também é história para o Oratório São Mário – Hoje Dom Bosco São Mário – que foi
fundado em 9 de dezembro de 1962, com terreno doado aos salesianos pelo
empresário Mário Dedini, por estar preocupado com as crianças e jovens carentes
do bairro Vila Rezende.
Em
31 de dezembro de 1912, Emílio Castello assume a direção da Escola Agrícola de
Piracicaba ocupando a vaga deixada por Clinton Smith que retornava aos Estados
Unidos para a função de catedrático da Universidade de Cornell, em Nova Iorque.
Em 1915, Castello foi a Argentina estudar a produção de alfafa regressando com
elaborado relatório utilizado amplamente em Piracicaba.
Em
dezembro de 1950 é inaugurada a Matriz de Santo Antonio, como a conhecemos
hoje, com duas torres. A edificação anterior tinha apenas uma delas.
Em
4 de dezembro de 1922, por decreto do bispo Dom Francisco de Campos Barreto,
foi criada a paróquia do Bom Jesus e seu primeiro padre foi Lázaro de Sampaio
Mattos.
Coadjuvada
pelo Barão de Rezende e pelos moradores da Vila Rezende, foi assentada a pedra
fundamental da igreja matriz da Vila, a 8 de dezembro de 1904. Em 17 de
dezembro de 1910, Dom João Nery, o primeiro bispo de Campinas, solenemente
benzia a nova Igreja, nela dizendo a primeira missa pelo eterno repouso do
benemérito Barão de Rezende, falecido em 1909. História que não acaba mais.
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