Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do
Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
O
mês de dezembro é marcado por alguns momentos que elevam nosso espírito, dentre
eles o 13º salário, as férias de final de ano, a fraternidade pela data máxima
da cristandade, as confraternizações e as festas familiares.
Olhando
para Piracicaba no passado vemos que a sociedade sempre prestigiou esta data.
Se pela fraternidade ou pelo lado comercial, não iremos entrar neste detalhe.
Mas a cidade sempre ficou linda em dezembro. Quem não se lembra do prédio
principal da Esalq todo iluminado até os anos 2000 ? Na década de 1970 era
comum sair às ruas no período noturno, seja de sábado ou domingo, para ver as
vitrines das lojas cuja decoração implicava em concursos com premiação. É desta
época uma iniciativa que se tornou ícone na cidade. A loja do seu Armintos
Raya, denominada de Casa Raya, quando situada na rua Moraes Barros ao lado da
sede do Jornal de Piracicaba, colocou Papai Noel sentado em uma bicicleta
ergométrica motorizada. A Raya na época atuava como loja de loteria. A
bicicleta era um desejo de consumo de muita gente e tal iniciativa atraia a
atenção de todos, fossem eles apostadores da Loteria Esportiva (a única até
então explorada pelo governo federal), pessoas que se espelhavam no mundo
pré-fitness pela bicicleta e petizes como eu que ficavam imaginando o que
queria o bom velhinho, rechonchudo como conhecemos, ao pedalar aquele treco.
Presépios
eram constantes na cidade, principalmente nas representações cristãs. Me lembro
de ter visto uma exposição muito bem feita, com montanhas gigantescas e algumas
peças que se moviam mecanicamente num centro de irmãs católicas, cuja
denominação não me recordo, mas que se situava na rua 13 de Maio ao lado do
Museu Prudente de Moraes. O local hoje não existe mais. Abriga uma galeria de
escritórios e lojinhas.
Mais
para o passado, nota-se que o culto ao Natal também era feito na música.
Erotides de Campos foi um destes expoentes, tendo sua composição “Sinos de
Natal” gravada por Pedro Celestino com o Grupo dos Ases nos antigos 78 rotações
há quase 100 anos atrás, em 1926.
Também
em dezembro, porém no ano de 1937, entre os dias 5 e 18, que piracicabanos
participam do “Raid Piracicaba-São Paulo”, navegando em barcas movidas por
quatro remos, uma competição comum na época e desta feita patrocinada pelo
Clube de Regatas de Piracicaba. Participara da iniciativa Silvio de Aguiar e
Sousa em conjunto a Braz Grisolia, Sidney Petta, Guido Pettinazzi, Orestes
Signorelli e Osíris Tolaine. Daí surgiu um curioso diário republicado pelo
Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba em 2001 através de José Luis
Guidotti.
Dezembro
é também o mês de glória para os piracicabanos pois, dia 18 do ano de 1988,
retornava á praça José Bonifácio o Monumento ao Soldado Constitucionalista
removido em 1981 durante reforma do espaço. Por sete anos ficou em frente ao
Cemitério da Saudade local que hoje abriga a praça Vitório Ângelo Cobra, o
cancioneiro Cobrinha. O retorno se deu por ação cível impetrada na justiça e
aceita pelo Supremo Tribunal Federal. A obra de Lélio Coluccini, inaugurada em
1938, é novamente desmontada e remontada.
Dezembro
de 2006, um dos maiores acervos particulares da cidade foi doado ao Centro
Cultural Martha Watts. Delphim Ferreira da Rocha Netto tinha imensa coleção
guardada de 1913 a 1991 entre filmes, revistas, livros e históricos do futebol
com ênfase ao E. C. XV de Novembro de Piracicaba. Ainda em vida – faleceu em
2003 – destinou toda sua coleção para que fosse preservada pela instituição.
Muito mais ocorreu em Piracicaba no mês de dezembro. Mas estes detalhes ficam para nossa próxima coluna.
(Publicado no Jornal de Piracicaba de 11 de dezembro de 2024 e na Tribuna Piracicabana de 21 de dezembro de 2024)
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