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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Dezembros além de Noel

Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba

O mês de dezembro é marcado por alguns momentos que elevam nosso espírito, dentre eles o 13º salário, as férias de final de ano, a fraternidade pela data máxima da cristandade, as confraternizações e as festas familiares.

Olhando para Piracicaba no passado vemos que a sociedade sempre prestigiou esta data. Se pela fraternidade ou pelo lado comercial, não iremos entrar neste detalhe. Mas a cidade sempre ficou linda em dezembro. Quem não se lembra do prédio principal da Esalq todo iluminado até os anos 2000 ? Na década de 1970 era comum sair às ruas no período noturno, seja de sábado ou domingo, para ver as vitrines das lojas cuja decoração implicava em concursos com premiação. É desta época uma iniciativa que se tornou ícone na cidade. A loja do seu Armintos Raya, denominada de Casa Raya, quando situada na rua Moraes Barros ao lado da sede do Jornal de Piracicaba, colocou Papai Noel sentado em uma bicicleta ergométrica motorizada. A Raya na época atuava como loja de loteria. A bicicleta era um desejo de consumo de muita gente e tal iniciativa atraia a atenção de todos, fossem eles apostadores da Loteria Esportiva (a única até então explorada pelo governo federal), pessoas que se espelhavam no mundo pré-fitness pela bicicleta e petizes como eu que ficavam imaginando o que queria o bom velhinho, rechonchudo como conhecemos, ao pedalar aquele treco.

Presépios eram constantes na cidade, principalmente nas representações cristãs. Me lembro de ter visto uma exposição muito bem feita, com montanhas gigantescas e algumas peças que se moviam mecanicamente num centro de irmãs católicas, cuja denominação não me recordo, mas que se situava na rua 13 de Maio ao lado do Museu Prudente de Moraes. O local hoje não existe mais. Abriga uma galeria de escritórios e lojinhas.

Mais para o passado, nota-se que o culto ao Natal também era feito na música. Erotides de Campos foi um destes expoentes, tendo sua composição “Sinos de Natal” gravada por Pedro Celestino com o Grupo dos Ases nos antigos 78 rotações há quase 100 anos atrás, em 1926.

Também em dezembro, porém no ano de 1937, entre os dias 5 e 18, que piracicabanos participam do “Raid Piracicaba-São Paulo”, navegando em barcas movidas por quatro remos, uma competição comum na época e desta feita patrocinada pelo Clube de Regatas de Piracicaba. Participara da iniciativa Silvio de Aguiar e Sousa em conjunto a Braz Grisolia, Sidney Petta, Guido Pettinazzi, Orestes Signorelli e Osíris Tolaine. Daí surgiu um curioso diário republicado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba em 2001 através de José Luis Guidotti.

Dezembro é também o mês de glória para os piracicabanos pois, dia 18 do ano de 1988, retornava á praça José Bonifácio o Monumento ao Soldado Constitucionalista removido em 1981 durante reforma do espaço. Por sete anos ficou em frente ao Cemitério da Saudade local que hoje abriga a praça Vitório Ângelo Cobra, o cancioneiro Cobrinha. O retorno se deu por ação cível impetrada na justiça e aceita pelo Supremo Tribunal Federal. A obra de Lélio Coluccini, inaugurada em 1938, é novamente desmontada e remontada.

Dezembro de 2006, um dos maiores acervos particulares da cidade foi doado ao Centro Cultural Martha Watts. Delphim Ferreira da Rocha Netto tinha imensa coleção guardada de 1913 a 1991 entre filmes, revistas, livros e históricos do futebol com ênfase ao E. C. XV de Novembro de Piracicaba. Ainda em vida – faleceu em 2003 – destinou toda sua coleção para que fosse preservada pela instituição.

Muito mais ocorreu em Piracicaba no mês de dezembro. Mas estes detalhes ficam para nossa próxima coluna.

(Publicado no Jornal de Piracicaba de 11 de dezembro de 2024 e na Tribuna Piracicabana de 21 de dezembro de 2024) 

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