Edson
Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de
Piracicaba
Chegamos ao nono mês do ano. Ops ! Novembro é o nono ? Sim. Seu nome vem do latim novem, mês anteriormente consagrado a Júpiter. Daí o Império Romano mudou o calendário, acrescentando dois novos meses, completando os 12 atualmente conhecidos. Mas o objetivo aqui não é discutir o sexo dos anjos e sim relembrar alguns fatos que marcaram Piracicaba neste mês, em tempos remotos.
Pode-se dizer que
Piracicaba surgiu em novembro. Sim. Foi em 15 de novembro de 1693, ou 331 anos
atrás, que foi assinada a carta de sesmaria de nossa região, outorgando a
Manuel Peixoto da Mota a incumbência de povoar a região tomada por mato para
que tudo é lado, tendo por base central a “cachoeira” existente no rio que
divide a área. Por aí é fácil localizar que Piracicaba surgiria a partir do
salto do rio Piracicaba. Mota, deixa clara a história, não ocupou a área da
sesmaria, não a povoou nem praticou melhorias, sendo que a mesma retorna às
mãos da capitania em 1726.
Os documentos
sobre a história local são meras referências. Algumas curiosas e sem muitos
detalhes. Um dos exemplos foi a grande chuva de pedras que caiu sobre a cidade
em 18 de novembro de 1871.
A leitura era um
item importante na rotina no século retrasado. Eram poucas as formas de
entretenimento, de forma que uma biblioteca, denominada de gabinete de leitura,
foi reaberta em 10 de novembro de 1882. Quem queria, podia ler. Não foi o caso
do senhor José Antonio da Cruz, cujo falecimento foi anunciado no apanhado de
curiosidades do Almanak de Piracicaba para 1900: “dia 4 de novembro de 1887
faleceu o antigo cego José Antonio da Cruz”. Será que ele voltou a enxergar em
vida, ou por ter falecido recebeu a alcunha de ex ?
O 15 de novembro
é um dos poucos feriados do calendário atual que proporciona uma emenda com o
fim de semana. Mas em 1889 acaba o Império e passa a “reinar” a República. No
dia 17 seguinte tomam posse de forma “unilateral” e por vontade própria Moraes
Barros, Luiz de Queiroz e Paulo Pinto, assumindo a administração de nossa
terra. Não houve eleição, nem plebiscito. Simplesmente o trio assumiu o poder sem
mais nem menos. São auxiliados pelos vereados de então: João Nepomuceno Sousa,
Barão de Rezende, João Manoel de Moraes Sampaio, Manoel da Costa Pedreira, José
Carlos de Arruda Pinto e Francisco Florencio da Rocha.
Conturbada a
República em seu início, Deodoro da Fonseca, empossado em 1889 presidente da
República, passa o governo a Floriano Peixoto em 1891 e três anos depois ao
ituano mais piracicabano que ninguém Prudente de Moraes. A busca pelo poder
colocou em risco a vida de Prudente em novembro, no dia 1° de 1897, quando este
sofre uma tentativa de homicídio, com uma garrucha que não disparou sendo que
seu ministro marechal Machado Bittencourt interveio e foi apunhalado por
diversos golpes, falecendo em decorrência da atrocidade. O Almanak de
Piracicaba para 1900 diz que “alguns dos implicados, mais infelizes, ainda ahi
passeiam, castigados pelo remorso, penitenciando-se aos bocadinhos; estes, si
conseguiram escapar aos golpes da lei, mas não escaparão nunca à maldicção de
povo, e ás tremendas acusações da própria consciência’.
Missão cumprida,
Prudente de Moraes retorna a Piracicaba em 23 de novembro de 1898 deixando a
presidência do país ao seu sucessor. Aqui aporta para dar sequência à sua vida
como cidadão prestante. A recepção calorosa por parte da sociedade dura três
dias e três noites com festas e muito falatório.
O Carmelo do
Imaculado Coração de Maria e de São José, conhecido por Carmelitas, situa-se na
rua José Ferraz de Camargo que faleceu em novembro de 1894, no dia 27. Nascido
em Itu, veio a Piracicaba trabalhar no engenho do Monte Alegre. Enviuvou-se de
quatro esposas e teve cerca de 40 filhos.
E assim foram
poucos fatos sobre a história local no mês de novembro.