Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
Estudos
do professora Leandro Guerrini indicam uma preciosidade histórica no mês de
dezembro quando se fala sobre Piracicaba. São diversos acontecimentos ao longo
destes mais de dois séculos e meio de vida de nossa amada terrinha.
Muito
antes de ser constituída oficialmente, Piracicaba é relatada em carta datada de
12 de dezembro de 1732 de Joan de Mello Rego, possivelmente escrita em nossa
terra no período de destinação da sesmaria que envolveria a área geográfica a
ser ocupada e povoada. Rego era piloto da Capitania que cuidava dos interesses
do reino de Portugal junto às vilas e freguesias no interior. O destino de tal
missiva era o seu comandante direto, Conde de Serzedas, capitão-mor da
Capitania de São Paulo. No texto curiosidades como o acesso à nossa terra
apenas por meio fluvial, através de canoas. A carta demorava semanas para
chegar ao seu destino. É um documento oficial interessante para conhecer nossa
história. Joan relata sua vinda pelo rio de “Piraçicava”, comentando sobre o
envio de documentos e ouro através de arcas em mãos confiáveis. O relato diz
ainda que pretende procurar moradores em nossa terra, se estes houverem.
Guerrini, no Jornal de Piracicaba, edição de 18 de dezembro de 1977, diz: “o
que se pode afirmar, sem sombra de contestação, é que Piracicaba já era aldeia
povoada, antes da sua fundação oficial”.
Também
num mês de dezembro, mais precisamente no dia 20 do ano de 1797, quando
Piracicaba, oficialmente, já existia a 30 anos, e com seu devido povoamento,
abrigava 550 pessoas. Foi neste dia que outra carta partiu daqui, escrita pelo
capitão-general Antonio Manuel de Melo Castro e Mendonça, endereçada ao bispo
dom Mateus de Abreu Pereira, na qual cita a pobreza da população a qual não
proporcionava rendimento financeiro de interesse do poder administrativo. A
missiva acrescenta que “como a riqueza e fertilidade do seu terreno está
promettendo concideraveis vantagens aos Povos, que nella se forem estabelecer”.
Vendo hoje, não resta dúvida que foi uma visão que se concretizou. Hoje é inconteste
tal afirmação. A carta tinha por objetivo solicitar um padre à terra. Então
distante, Piracicaba dependia que tal religioso fosse enviado de Porto Feliz ou
Itu. O padre viajava por vários dias no lombo de um burro ou vinha de canoa. A
demora fazia com que muitos enterramentos fossem feitos sem a devida benção da
Igreja Católica. Batizados e casamentos também sofriam com isso, numa época em
que estado não era laico. Leandro Guerrini, também no Jornal de Piracicaba,
edição de Natal de 1977, comenta: “eram 550 almas que nem podem morrer com
gosto, pois lhes faltava um confessor para os minutos extremos”.
Ainda
em dezembro, dia 3 do ano de 1886, a Gazeta de Piracicaba relata a visita a
Piracicaba do imperador dom Pedro II, que veio de trem da Ituana-Sorocabana.
Junto a sua comitiva foi levado em veículos de tração animal para o solar
Rezende, do Barão de Rezende, situado à margem direita do rio Piracicaba. Houve
festa na cidade. Existem fotos, registros caríssimos nesta época, que atestam a
visita.
Primeiro
de dezembro de 1872 foi a data definida pela vereadores para abertura do
cemitério digno da cidade. Então, Piracicaba tinha um cemitério na rua Boa
Morte, proximidades do Colégio Assunção, este particular. E outro, público, na
praça Tibiriçá onde hoje está o Colégio Estadual Moraes Barros. A intenção era
criar um campo santo num local longe do Centro. Visto como repartição pública,
o novo cemitério foi aberto, com Antonio de Almeida Viegas declarado como
zelador de administrador. Trata-se do Cemitério da Saudade, que na época tinha
sua entrada pela avenida Independência. Para os sepultamentos, uma enormidade
burocrática, como recibo da Câmara, recibo da Igreja, e outros. No dia seguinte
à sua abertura, o Barão de Rezende compra a primeira sepultura perpétua
colocada a venda. E assim foram alguns fatos do mês de dezembro num longínquo
passado.
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