Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
Dias
atrás, num bate-papo com os comunicadores Rosiley Lourenço e Antonio Carlos
Bonassi, na Educativa F.M., conversamos sobre artigos publicados nesta página.
Bonassi elogiou alguns artigos recentes, em especial aquele no qual viajamos
para a Piracicaba de 200 anos atrás.
Hoje,
vamos para quase um século e meio atrás, mais precisamente o ano de 1883,
período em que a cidade teve certa efervescência histórica. Atas da Câmara
Municipal deixaram um legado rico de atividades no município, como a construção
da nova cadeia pela empresa Fischer & Bossashard a qual, inicialmente, pedia
para retirar pedras do largo do Gavião a fim de edificar tal prédio. Em 17 de
janeiro, funda-se a Scuola Italiana Umberto I, com direção de Guglielmo
Togneri.
No
dia 18 de fevereiro, um edital conclamava serviços de obras públicas, dando a
chance de empresas participarem da concorrência na realização de uma planta
topográfica de Piracicaba e arredores. O objetivo era construir uma rede de
esgoto que no futuro atendesse às necessidades sanitárias da cidade. O serviço
teria sido executado por Francisco Saturnino Rodrigues de Brito, engenheiro.
Logo
no início de março, a Câmara recebe autorização para que fossem compradas
pedras em Itu para arruamento e criação das sarjetas. Segundo o documento, com
“as lages, o serviço marcha com mais rapidez e torna-se mais elegante” as ruas.
Leandro Guerrini lembra que na época as guias eram feitas de tijolos em pé, num
serviço lento.
Foi
em 11 de abril de 1883 que surge aquele que pode ser considerado o primeiro
jornal diário da cidade. “Jornal do Povo” era dirigido pelo barão de Rezende e
defendia os ideais monarquistas num período em que este tipo de regime já
apresentava ares anacrônicos.
Ainda
em abril, a Fábrica Santa Francisca, que décadas mais tarde se tornaria a
Boyes, é incorporada à Companhia de Cultura de Tecidos de Algodão S/A, cuja
sede situava-se no Rio de Janeiro. O empreendimento estava em voga há duas
décadas sob a batuta de Luiz de Queiroz. Foi incorporada “com todos os seus
maquinismos, tinturaria, maquinário e caldeiraria”.
Já
que falamos de Queiróz, em 20 de abril daquele ano, o jornal “O Commercio de
São Paulo” publica editorial dizendo que Piracicaba não merecia ter uma escola
agrícola (o embrião da ESALQ/USP, na atualidade). A opinião do veículo de
comunicação condena a cidade por ser um produtor de baixo índice, sendo
preferida a capital paulista para tal instalação ou Ribeirão Preto, cujo
poderio agrícola já era notório. Três dias depois, com os cotovelos doendo,
piracicabanos reagem à tal editorial. Na “Gazeta de Piracicaba”, as autoridades
competentes mostravam que a cidade merecia ter sua escola agrícola, como bem
mostrou a história. Em seguida, no dia 10 de agosto, a “Gazeta” noticiava a
doação por Queiroz ao estado provincial da Fazenda São João da Montanha, área
hoje ocupada pela ESALQ. Manifestação do jornal diz que o estado recebeu tal
doação com total desdém.
O
dia 4 de junho foi de festividade na cidade, pois a Estrada de Ferro Ituana
inaugura o ramal de trem para São Pedro. Às 15h30 partiu o trem inaugural. O
ramal ligava Charqueada a São Pedro e saía de nosso município.
Se
hoje temos um celular na mão, que além de tudo funciona também como telefone,
em 22 de junho, a Empresa Telefônica local estava preocupada com a instalação
de linhas telefônicas. A mesma possuía mesa com 50 aparelhos para ligações,
muitos dos quais estavam vagos, sem assinantes. Haja marketing !
Aquilo
que conhecemos hoje por Escola Industrial rugiu em 25 de junho de 1883, data em
que foi inaugurado o prédio da Sociedade Beneficente Instrutora, sob discurso
de Prudente de Morais. O local, que passou por diversas modificações, abrigou a
Escola Complementar do município. Em 25 de agosto, o prédio passa a acolhe o
Colégio Rosa.
Em
2 de agosto a cidade passa a ter vida noturna. Na época, a partir do entardecer,
a iluminação era feita com velas ou lampiões com querosene. Nesta data, depois
de oito meses de espera pela liberação de material retido no porto de Santos,
proveniente de Nova Iorque. Luiz de Queiroz ilumina parte do jardim público
(praça José Bonifácio) e ruas adjacentes como a Prudente, São José, Alferes e
Governador. A população sai de casa e volta para ver o pioneirismo. Claro que,
com escuridão no meio do caminho ... Em setembro, passa-se a ser oferecido o
fornecimento de energia às residências.
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