Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
Extensa
é a história da gastronomia de Piracicaba. Isso ajuda a cometer falhas ou
trazer lapsos na memória quando se quer garimpar o assunto. Mas, a intenção
neste texto, é trazer do passado, pessoas, locais e fatos que marcaram o setor
de bares e restaurantes, não tendo por objetivo ser um dicionário com todos os
verbetes de referência.
Pode
ser que a intenção seja movimentar a “massa cinzenta” de um passado muito
recente no qual os cinquentões de hoje se lembrarão da vida gastronômica, por
exemplo, dos anos 1980, década que trouxe novidades a Piracicaba como o
primeiro restaurante self service por quilo, o Ponto 71 que funcionou nas
esquinas das ruas do Rosário com a Moraes Barros. Ou o Cachorrão, no Shopping
Center Piracicaba, na lembrança de ser a primeira lanchonete self service
especializada em hot dogs. Tivemos também o “McDonald’s” piracicabano: o Daytona,
na confluência da Moraes Barros com a praça José Bonifácio, ousado na época por
ter o americanizado hamburger como atração principal, além da réplica de um
carro de fórmula 1 pendurado na parede. Podemos lembrar também do Restaurante
Bijeto (anos 1970) ou o Jardin’s que em muitas noites congestionou o trânsito
na esquina da rua Benjamin Constant com a Moraes Barros.
Alimentar-se
é uma necessidade de primeiro grau. Comer com sofisticação é desejo. Assim, a
intenção de sempre bem atender o glutão é histórica. Afinal são 256 anos
servindo à mesa o piracicabano.
São
efemérides históricas e nostálgicas. Em 17 de fevereiro de 1883, é inaugurado o
Hotel do Marques, de José Gomes Marques. Em seguida, no dia primeiro de agosto
do mesmo ano ele inaugura o Hotel Marques. Nas horas vagas, atuava como
guarda-livros da Fábrica de Tecidos Santa Francisca.
Casos
como o de João Lucci, proprietário, na virada do século retrasado, de um
restaurante situado à rua da Glória n° 6. A mesma rua abrigou restaurante de
Luiz Maranho. Giovanni (João) e José Folvenço, ambos da família Moretti, também
serviram à mesa com o Hotel e Restaurante Moretti (rua do Glória n° 6, o
primeiro a sair da Estação da Ythuana/Sorocabana). A Glória é a atual rua
Benjamin Constant.
Muitos
destes anunciaram nos tradicionais almanaques da cidade, como o de Camargo
(1900) e Capri (1914). Pedro Monteran também teve seus serviços de gastronomia
colocados a disposição na atual praça Tibiriçá, ao lado de onde está hoje o
Colégio Moraes Barros, na época, sede do legislativo municipal. Paulino José de
Miranda era dono de um bilhar e restaurante no final do século 19 situado à rua
São José n° 39. Salvador Oranges servia em seu restaurante na rua Boa Morte e
comercializava itens em seu armazém situado no mesmo endereço.
Camargo
no Almanak mapeou os estabelecimentos gastronômicos da cidade, chegando a ter 27
deles nos anos de 1899 e 1900. Indicou inclusive onde alguns situavam: cinco na
rua Benjamin, quatro na Vila Rezende, três na XV de novembro, e três na praça
José Bonifácio.
Cuscuz,
peixe no tambor, churrascarias ... Muitas áreas formaram o imaginário coletivo
nas décadas passadas quando se fala sobre o bem servir. Orientais também
contribuíram para a vida alimentar na cidade. Não apenas em pastelarias. Cabe
registrar a importância dos irmãos Miazaki que mantiveram o Líder Bar na
Governador com a São José. Eram oriundos do Japão e vieram para cá nas levas de
imigração do início do século passado. Kazuo, conhecido por Mário Japonês, deixou
vários relatos da xenofobia local principalmente em períodos como a Segunda
Guerra Mundial.
Além
da boa comida, restaurantes também exportaram estrelas. Foi o caso de Francisco
(Ferreira) Milani (1936/2005) conhecido por suas participações na Rede Globo em
especial os humorísticos “Casseta e Planeta” e “Escolinha do Professor
Raimundo”. Sua família tinha um bar e
restaurante no andar térreo do Clube Coronel Barbosa. Foi sonoplasta da Rádio
Difusora e fez sucesso no rádio carioca. Fama também se põe à mesa.
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