Edson Rontani Júnior, jornalista e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba
Semanas
atrás, durante inauguração do Espaço Digital do Memorial do Empreendedorismo,
na sede da ACIPI, a historiadora Marly Germano Perecin deu um show de palestra.
De lá, saí com o conhecimento de que o primeiro empreendedor de nossa terra, lá
em meados do século 1700, foi o construtor de botes criados para ser utilizado
no rio Piracicaba. Quem seria tal habilidoso marceneiro? Seja quem for, acabou
legado ao esquecimento.
Mas,
nestes 257 anos de história, nossa cidade teve alguns trabalhadores conhecidos
e muitos ilustres desconhecidos que fizeram do ofício profissional uma forma de
ajudar Piracicaba chegar onde está.
A
utilização do trabalhador envolve diversas fases, desde a mão de obra
escravagista a imigração voluntária. Piracicaba foi a terceira cidade do estado
de São Paulo a empregar a mão de obra de escravos africanos. Séculos depois, campanhas
governamentais trouxeram a cidade uma onda migratória na qual aportaram
italianos, alemães, japoneses, dos países do Oriente Médio e de diversas outras
origens.
Entre
reflexões para o dia de hoje, Piracicaba teve usinas referência como a Refinadora
Paulista ou Monte Alegre e o Engenho Central. Teve centros produtores como o
instalado por Luiz de Queiróz no espaço conhecido por Boyes, mas que, em 1874,
chamava-se Tecidos Santa Francisca. Empregava 300 pessoas.
Nada
melhor que lembrar a Rua do Commércio, onde eram praticadas vendas de bens do
comércio em geral. A rua teve alterado seu nome por um curto período de tempo
entre 1931 e 1932 para rua João Pessoa, consagrando-se, após a Revolução de
1932, como rua Governador Pedro de Toledo. Foi nestas proximidades que em 5 de
julho de 1888 inaugura-se o Mercado Municipal da cidade. A abertura ocorre às
6h30 da manhã. Coube a três funcionários da municipalidade (Câmara de
Vereadores) abrirem o portão do local. Comprador mesmo, nenhum. O poder
público, representado pelos vereadores, comparece ao local às 14 horas. Estes dão
uma rápida olhadela e saem sem abrir o bico. Nem comprar nada.
Não
há como negar que muitos trabalhadores alcançaram seu cantinho no mercado
graças ao pioneirismo empreendedorismo de gente como Mário Dedini, em cujas
empresas contratou 3.200 funcionários e ofertou mais de 9 mil empregos
indiretos. Tornou Piracicaba como referência em tecnologia sucroalcoleira
suprimindo cerca de 60% do mercado nacional com seus produtos e mão de obra.
Hoje
Piracicaba é referência entre os trabalhadores que buscam boa colocação no
mercado, ofertando vagas em diversas áreas profissionais. A cidade conta com
três distritos industriais organizados pelo poder municipal: Unileste,
Uninoroeste e Uninorte, além do Parque Automotivo. Existe projeto para implantação
do quarto distrito, a Unisul, em áreas próximas ao Ceagesp. Além disso, a
iniciativa privada também batizou outros distritos industriais particulares
como o Alphanorth, no Guamium, e o Uninorte II, no Água Santa, nos quais estão
instaladas empresas de renome. Cabe também destacar o Parque Tecnológico, local
em que estão laboratórios de big techs, HUBs e startups.
O
desenvolvimento industrial toma corpo nos anos 1970 com a projeção do Distrito
Industrial Leste próximo à antiga rodovia para São Paulo (a atual estrada para
Tupi). O local chama atenção de empresas como a norte-americana Caterpillar e a
holandesa Philips. Hoje a cidade é sede de matrizes ou filiais de empresas
coreanas, suíças, alemãs, austríacas ... Cabe lembrar que no longínquo início
dos anos 1980, a cidade foi cenário de uma revolução tecnológica: o CD. O
primeiro compact disc musical foi lançado pela Philips, que por cerca de 10
anos ocupou o prédio atualmente utilizado pela Phinia. Deste local saiu um
projeto que revolucionou a música, lida por feixes luminosos e tinha
perspectiva de substituir o LP. O CD tinha pérolas da MPB gravadas na década
anterior nas vozes de Gal Costa, Gilberto Gil, Ivan Lins e outros.
E
assim caminhamos com grande dívida ao trabalhador, com afeto e carinho.
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